quinta-feira, 3 de maio de 2012

O Brasil caminha para os juros mais baixos da história

O movimento no ciclo econômico vivido pelo Brasil atualmente indica que devemos ter, em breve, os juros mais baixos da história. Para isso, estão juntas “a fome e a vontade de comer”.
A atividade econômica não está como o governo queria, nem como o mercado financeiro esperava. Os dados da produção industrial de março, com queda de 0,5% com relação a fevereiro, surpreenderam. A média das expectativas era para um crescimento de 1,2%.
“Está muito mais fraca do que se esperava. Isso muda muito as expectativas. Muda o ponto de partida e, portanto, o ponto de chegada também. A aceleração esperada para os próximos meses será bem mais branda do que se pensava. Já é seguro afirmar que o PIB pode ficar abaixo de 3% este ano. O que antes era um piso, agora virou um teto para a atividade”, avalia o economista Marcelo Fonseca, da MSafra.
O governo está “caindo na real” de que crescer 4,5%, como quer a presidente Dilma Rousseff, não vai ser possível, nem valendo milagre. A presidente convocou para reuniões em Brasília empresários, sindicatos, políticos, quem mais possa dar ideias ou sugestões para uma saída mais honrosa para o PIB deste ano.
Do lado do governo, de imediato, há duas coisas possíveis de se fazer: baixar os juros e aumentar gastos públicos para estimular a economia. A segunda parece fora de cogitação, já que abrir os cofres pode comprometer a credibilidade do governo brasileiro em tempos de crise internacional aguda.
Então, ficamos todos com a primeira opção, reduzir o custo do dinheiro para incentivar os gastos dos brasileiros, ou seja, baixar mais ainda os juros.
“Os juros futuros (negociados na BM&F), estão caindo uma barbaridade, porque as pessoas já sabem que a reação (do governo) será através de mais estímulo. O mercado dá como 100% certa uma queda da Selic para 8,5% na reunião do Copom de maio. E 60% de chances para mais uma redução de 0,5 ponto em julho. Estamos caminhando para a taxa mínima da mínima histórica”, diz Marcelo Fonseca.
Já tem analista no mercado dizendo que os juros podem chegar a 7% se a economia não reagir até o segundo semestre deste ano. A taxa mínima vivenciada pelo Brasil foi de 8,75% ao ano, entre 2008 e 2009.
O governo querendo crescer mais de um lado; do outro, a atividade econômica fraca, bem fraca, num ambiente externo negativo para o Brasil, com o mundo já está comprando menos produtos daqui. Estão aí a “fome e a vontade de comer”.
O prato mais novo do “banquete” será a mudança nas regras de remuneração da poupança, que devem entrar em prática o mais rápido possível. Esse era um dos obstáculos práticos para que os juros continuassem caindo. Se a poupança tiver um rendimento menos atrativo do que os fundos de investimentos privados, mantém-se um equilíbrio do sistema financeiro e da gestão da dívida pública brasileira.
E a inflação? Por enquanto, virou preocupação secundária, até que tudo que está em gestação agora mude efetivamente. Só assim sabermos quem chegou, e como, lá na frente.


Taís Herédia - G1
http://g1.globo.com/platb/thaisheredia/

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