quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Dia 29 de Setembro - Dia Mundial do Petróleo



No dia 29 de setembro comemora-se o dia mundial do petróleo.
A palavra petróleo vem do latim, sendo a junção de dois termos: Petra (pedra) e Oleum (óleo), mas também ficou também conhecido como ouro negro.
O petróleo é um óleo natural composto de hidrocarbonetos, formado dentro das rochas sedimentares. Esse processo é possível em decorrência dos fatos da nossa história, como a formação das rochas sedimentares – através da erosão da crosta terrestre – e pelo acúmulo dos restos orgânicos, advindos de destroços vegetais e animais, alojados no fundo do mar há milhões de anos, que se transformaram em petróleo.
A formação de uma jazida acontece porque o petróleo vaza pelos poros de uma rocha, alojando-se em outra pedra que o faz prisioneiro, acumulando-o em grandes quantidades. Uma jazida pode levar entre dez e quatrocentos milhões de anos para se formar.
O primeiro poço de petróleo foi encontrado nos Estados Unidos, no estado da Pensilvânia, no ano de 1859, por um maquinista aposentado, Edwin Drake. Mas registros históricos mostram que o produto era utilizado para embalsamar os faraós do Egito Antigo.
Em virtude de sua importância para a vida do homem e de seu alto valor de custo, o petróleo tornou-se motivo de grandes conflitos mundiais, como a Guerra do Golfo, em 1990, onde o Kuwait fora invadido pelo Iraque, na tentativa de apoderar-se de suas jazidas.
Na verdade, várias guerras no Oriente Médio tiveram o petróleo como fonte de inspiração, ou seja, a luta entre homens pela conquista de maiores riquezas. Por esse motivo tivemos ainda as guerras Yom Kippur (1973), Iram e Iraque, que durou cerca de oito anos (1980 a 1988), além das invasões estadunidenses no Iraque (2003) e no Afeganistão (2001).
Isso acontece porque a região possui cerca de 65% da reserva mundial de petróleo, seguida pela Venezuela, Rússia, Estados Unidos, Líbia, México, Nigéria, Argélia e restante do mundo.
No Brasil, a maior indústria petrolífera é a Petrobras (Petróleo Brasileiro S.A.), criada no dia 03 de outubro de 1953, pelo presidente Getúlio Vargas. A indústria é responsável pela extração e refino do produto, além dos seus derivados. A especialidade da empresa é a exploração do petróleo em alto mar, em áreas bem profundas.
As plataformas brasileiras montadas em alto mar se dividem em dois grupos: da perfuração e da produção, sendo que essa se divide em fixas ou flutuantes, dependendo da profundidade em que o petróleo é encontrado.
A descoberta de petróleo na camada pré-sal, localizada a 7 mil metros abaixo do nível do mar em uma área de 200 quilômetros de largura e 800 quilômetros de extensão, abrangendo desde o Espírito Santo até Santa Catarina, pode colocar o Brasil entre os maiores produtores mundiais de petróleo.
Por Jussara de Barros

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Inflação



O IPCA variou 0,16% em julho, ante 0,15% em junho, de acordo com os dados divulgados pelo IBGE. No ano, o IPCA registrou variação de 4,04%, ante 3,10% em igual período de 2010, enquanto, no acumulado em doze meses, o indicador variou 6,87% em julho, ante 6,71% em junho. Os preços livres aumentaram 0,11% em julho, ante 0,26% em junho, recuo decorrente de variações de -0,04% nos preços dos bens comercializáveis e de 0,23% nos relativos aos itens não comercializáveis, que haviam registrado variações de 0,19% e de 0,32% em junho, respectivamente. Os preços monitorados aumentaram 0,29% ante redução de 0,12% em junho, ressaltando-se as elevações nos preços dos itens ônibus interestadual, 5,80%, e plano de saúde, 0,58%. A variação mensal do IPCA refletiu, em especial, as contribuições dos grupos transportes, 0,09 p.p.; despesas pessoais; e saúde e cuidados pessoais, ambas de 0,05 p.p. O índice de difusão situou-se em 53,13% em julho, ante 58,85% em junho.
Os preços livres aumentaram 7,38% no período de doze meses encerrado em julho, ante 7,14% em junho, enquanto os monitorados apresentaram variações respectivas de 5,67% e 5,70%. A evolução dos preços livres decorreu de acelerações nos preços dos produtos comercializáveis, de 6,26% para 6,44%, e dos produtos não comercializáveis, de 7,89% para 8,18%. Os preços do segmento de serviços, que apresentam maior grau de persistência, aumentaram 8,82% em julho, ante 8,75% em junho e 6,91% em julho de 2010.
O IGP-DI variou -0,05% em julho, ante -0,13% em junho, de acordo com a FGV, registrando-se variações negativas no IPC e no IPA e aceleração no INCC. O indicador cresceu 2,89% no ano e, considerados períodos de doze meses, registrou variações de 8,34% em julho e de 8,63% em junho.
O IPA variou -0,13% em julho, ante -0,19% em junho, acumulando variações de 2,09% no ano e de 9,09% em doze meses. Os preços dos produtos agropecuários recuaram 0,31% em julho, ante retração de 1,11% em junho, acumulando aumento de 0,20% no ano e de 19,14% em doze meses. Os preços dos produtos industriais decresceram 0,07% no mês, ante elevação de 0,13% em junho, acumulando aumentos de 2,77% no ano e de 5,95% em doze meses. O desempenho mensal dos preços dos produtos agropecuários evidenciou, em especial, os decréscimos nos preços dos itens café, 3,40%; algodão, 5,19%; e batata inglesa, 25,41%, que exerceram contribuições negativas de 0,06 p.p., 0,06 p.p. e 0,05 p.p., respectivamente. As principais contribuições negativas para a variação dos preços dos produtos industriais decorreram dos itens produtos químicos, -0,11 p.p.; e minerais metálicos, -0,08 p.p.
O IPC registrou decréscimo de 0,04% em julho, ante retração de 0,18% em junho, acumulando aumento de 3,75% no ano e 6,58% em doze meses. No mês, ressaltem-se as contribuições negativas associadas aos grupos alimentação, 0,20 p.p., e educação, leitura e recreação, 0,02 p.p. O INCC registrou crescimento de 0,45% no mês, ante 0,37% em junho, resultado de aceleração de 0,36% para 0,59%, nos preços da mão de obra, e de desaceleração de 0,38% para 0,30%, nos preços de materiais, equipamentos e serviços. O INCC acumulou variações de 6,07% no ano e de 7,76% em doze meses.
As cinco medidas de núcleo do IPCA calculadas pelo Banco Central registraram desaceleração mensal em julho. Considerados períodos de doze meses, os indicadores mencionados apresentaram aceleração em relação a junho. O núcleo por exclusão, que exclui dez itens de alimentação no domicílio e combustíveis, aumentou 0,33% no mês, ante 0,56% em junho, acumulando alta de 6,61% no período de doze meses encerrado em julho, ante 6,51% no mês anterior. O núcleo pelo critério de médias aparadas com suavização variou 0,41% em julho, ante 0,54% em junho, acumulando, em doze meses, 6,18% e 6,01%, respectivamente. O núcleo de dupla ponderação aumentou 0,38% em julho, ante 0,42% em junho, registrando variação acumulada em doze meses de 7,01%, ante 6,82% no mês anterior. O núcleo pelo critério de médias aparadas sem suavização cresceu 0,28% em julho, ante 0,44% em junho, acumulando 5,71% em doze meses, ante 5,59% no período de doze meses terminado em junho. O núcleo por exclusão, que exclui alimentação no domicílio e monitorados, aumentou 0,40% em julho, ante 0,50% em junho, elevando-se 7,12% em doze meses, ante 6,91% em junho.
Índices parciais relativos à inflação em agosto registram patamar ainda elevado no âmbito dos preços ao consumidor. O IPCA-15 variou 0,27% em agosto, ante 0,10% em julho, acumulando alta de 4,48% no ano e de 7,10% em doze meses, ante 6,75% até julho. A aceleração desse indicador refletiu, especialmente, aumentos nos grupos despesas pessoais, alimentação e vestuário.
O IPP/IT recuou 0,66% em junho, ante retração de 0,46% em maio, acumulando aumento de 0,55% no ano e de 4,89% no período de doze meses encerrado em junho, ante 5,69% no mês anterior. A variação mensal do IPP/IT refletiu, em especial, as contribuições de -0,27 p.p., -0,16 p.p. e -0,13 p.p., respectivamente, associadas às retrações de preços nos segmentos produtos alimentícios, metalurgia e equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos. A variação do índice no ano refletiu, em grande parte, as contribuições respectivas de -0,85 p.p e -0,34 p.p. exercidas pelos recuos de preços nos segmentos alimentos e produtos de informática, eletrônico e óptico.

Fonte: Banco Central do Brasil

Evolução recente da economia



1. A inflação medida pela variação mensal do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) situou-se em 0,16% em julho, após 0,15% em junho. Assim, a inflação acumulada em doze meses até julho alcançou 6,87% (6,71% em junho), 2,27 pontos percentuais (p.p.) acima da observada em igual período de 2010. O aumento da inflação nesse período reflete tanto o comportamento dos preços livres, que variaram 7,38% (4,88% em doze meses até julho de 2010), quanto o dos preços administrados, que se elevaram em 5,67% (3,95% no mesmo período de 2010). Em relação aos preços livres, cabe destacar que a variação dos preços dos bens comercializáveis alcançou 6,44% (2,58% em igual período de 2010), e a dos não comercializáveis, 8,18% (6,97% em igual período de 2010). Ressalte-se, em outra perspectiva, que a variação acumulada em doze meses até julho dos preços dos bens duráveis ficou em -0,95%, a dos bens semiduráveis em 7,20%, e a dos bens não duráveis, em 8,73%. Apesar da moderação na margem, a inflação dos serviços segue elevada, com variação mensal de 0,42% em julho, ante 0,60% em junho. A inflação de serviços atingiu 8,82% no acumulado de doze meses até julho – maior nível desde setembro de 1997. Em síntese, o conjunto de informações disponíveis sugere persistência da alta de preços observada em 2010, processo liderado pelos preços livres, que, em parte, reflete o fato de a inflação de serviços seguir em níveis elevados.
 
2. As medidas de inflação subjacente calculadas pelo Banco Central, de modo geral, apresentaram evolução similar à da inflação plena: enquanto houve alta na variação acumulada em doze meses, a média das variações mensais recuou entre maio e julho. O núcleo do IPCA por médias aparadas com suavização deslocou-se de 0,64% em maio, para 0,54% em junho e 0,41% em julho, enquanto o núcleo por médias aparadas sem suavização passou de 0,45% em maio, para 0,44% em junho e 0,28% em julho. De modo similar, o núcleo por dupla ponderação, após registrar 0,59% em maio, recuou para 0,42% em junho e para 0,38% em julho. Ao mesmo tempo, o núcleo por exclusão, que exclui 10 itens de alimentação no domicílio e combustíveis, passou de 0,54% em maio para 0,56% em junho, e para 0,33% em julho, enquanto o núcleo por exclusão de monitorados e de alimentos no domicílio passou de 0,43%, para 0,50% e 0,40% no mesmo período. Dessa forma, a média da variação desses cinco núcleos deslocou-se de 0,53% em maio, para 0,49% em junho, recuando para 0,36% em julho. No acumulado em doze meses até julho, as cinco medidas de núcleo alcançaram 6,18%, 5,71%, 7,01%, 6,61% e 7,12%, respectivamente, ante 6,01%, 5,59%, 6,82%, 6,51% e 6,91% em junho, e 5,86%, 5,40%, 6,68%, 6,30% e 6,80% em maio.
 
3. O Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) registrou deflação de 0,05% em julho e de 0,13% em junho, após a inflação de 0,01% em maio. No acumulado em doze meses até julho, a variação desse índice alcançou 8,34%, ante 5,98% em julho de 2010. Note-se, entretanto, que, nesse critério, o índice vem desacelerando desde dezembro de 2010, quando registrou variação de 11,30%. O principal componente do indicador, o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), variou 9,09% em doze meses até julho, refletindo alta de 5,95% no IPA industrial e de 19,14% no IPA agrícola. Na desagregação, segundo o estágio da produção, observou-se variação acumulada de 19,86% nos preços de matérias-primas brutas, de 5,04% nos preços de bens intermediários e de 5,46% nos preços de bens finais, na mesma base de comparação. Já a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPC), outro componente do IGP-DI, registrou alta de 6,58% no acumulado em doze meses até julho, superior aos 4,36% registrados nos doze meses até julho de 2010. Na mesma base de comparação, o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), componente de menor peso no IGP‑DI, variou 7,76% (6,67% em julho de 2010). Já o Índice de Preços ao Produtor/Indústria de Transformação (IPP/IT), calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que mede o nível de preços na indústria excluindo o valor de fretes e impostos, registrou deflação de 0,66% em junho, após baixa de 0,46% em maio e alta de 0,28% em abril. Em doze meses, a variação desse índice recuou para 4,89% em junho, de 5,69% em maio.
 
4. O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) incorpora estimativa para a produção mensal dos três setores da economia, bem como para os impostos sobre produtos e, portanto, constitui importante indicador coincidente da atividade econômica. Considerando os dados ajustados sazonalmente, o IBC-Br apresentou recuo de 0,3% em junho, após registrar estabilidade em maio e avanço de 0,4% em abril. Dessa forma, a taxa de crescimento no segundo trimestre, em relação ao trimestre anterior, foi de 0,7%, depois de variação de 1,1% no primeiro trimestre. Persiste a tendência de moderação da taxa de crescimento do indicador no acumulado em doze meses, que passou de 5,3% em maio para 4,9% em junho. O Índice de Confiança de Serviços (ICS), da Fundação Getulio Vargas (FGV), avançou 0,8% em julho, após duas quedas iguais e consecutivas (-1,4% em maio e em junho). O nível do indicador, em julho, ficou 2,4% acima do valor de julho de 2010 e relativamente estável em relação ao nível médio de 2010.
 
5. A atividade fabril apresentou alta em julho, com avanço de 0,5% na produção industrial, de acordo com a série geral dessazonalizada pelo IBGE, após registrar recuo de 1,2% em junho e avanço de 1,1% em maio. A taxa de crescimento da média móvel trimestral ficou em 0,1% no período de maio a julho, após recuar 0,9% no período de abril a junho. Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, a produção industrial apresentou redução de 0,3% em julho, enquanto no acumulado em doze meses houve expansão de 2,9%, ante 3,7% registrados em junho, continuando em processo de moderação do ritmo de crescimento. Na comparação com dezembro de 2008, mês de menor medição da produção industrial durante a crise de 2008/2009, o crescimento acumulado até julho foi de 25,4%.
 
6. Entre as categorias de uso da indústria, segundo dados dessazonalidados pelo IBGE, houve avanço de 1,7% na produção de bens de capital em julho, de 2,9% na produção de bens de consumo duráveis, enquanto a produção de bens de consumo não duráveis e semiduráveis cresceu 3,8%. Na produção de bens intermediários houve recuo de 0,7%. Já no acumulado em doze meses até julho, a produção de bens intermediários registrou expansão de 2,6%, a produção de bens de consumo duráveis de 1,8%, e a produção de bens não duráveis e semiduráveis avançou 1,6%. Na mesma base de comparação, o crescimento da atividade da indústria de bens de capital é o maior entre as categorias de uso, com expansão de 8,3%.
 
7. A taxa de desemprego nas seis regiões metropolitanas cobertas pela Pesquisa Mensal de Emprego (PME), sem ajuste sazonal, passou de 6,2% em junho para 6,0% em julho (6,9% em julho de 2010). Após registrar 9,0% em março de 2009, a taxa observada não apenas recuou significativamente, como também atingiu o mínimo histórico para julho, na série iniciada em março de 2002. A taxa de desocupação dessazonalizada ficou em 5,9% em julho, o que representou queda de 0,2 p.p. comparativamente à de junho. O emprego, medido pelo número de ocupados nas seis maiores regiões metropolitanas, na comparação com o mesmo mês do ano anterior, apresentou elevação de 2,1% em julho, depois de haver expandido 2,3% em junho. Dados divulgados pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) indicam que houve criação de 140,6 mil postos de trabalho em julho (181,8 mil em julho de 2010), com expansão do número de empregos formais em todos os oito setores de atividade econômica. Os setores que mais contribuíram para o aumento do número de empregos formais, em julho, foram o de serviços e o de comércio. De acordo com a PME, o rendimento médio real habitual observado em julho avançou 2,2% em relação a junho e 4,0% em relação a julho de 2010. Como consequência, a massa salarial real, considerando o rendimento médio real habitual da população ocupada remunerada nas seis regiões metropolitanas, cresceu 6,2% em relação a julho de 2010. A expansão da massa salarial constitui fator importante na sustentação do crescimento da demanda doméstica.
 
8. De acordo com dados da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) divulgada pelo IBGE, o volume de vendas do comércio ampliado cresceu 9,5% em junho, na comparação com o mesmo mês do ano anterior, depois de registrar alta de 12,9% em maio e de 12% em abril, na mesma base de comparação. Na série com ajuste sazonal, a variação mensal do volume de vendas do comércio ampliado foi de 0,5% em junho, após ter atingido altas de 0,9% em maio e de 1,2% em abril. A taxa de crescimento acumulada em doze meses ficou em 10,9% em junho (ante 10,5% em maio e 10,2% em abril). No acumulado em doze meses, todos os dez segmentos pesquisados mostraram expansão no volume de vendas, com destaque, em termos de crescimento, para Equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação (18,7%), Móveis e eletrodomésticos (17,1%), Veículos e motos, partes e peças (14,2%), e Material de construção (14%). Nos próximos meses, a trajetória do comércio continuará a ser influenciada pelas transferências governamentais, pelo ritmo de crescimento da massa salarial real, pela confiança dos consumidores e pela expansão do crédito, em uma perspectiva de moderação.
 
9. O Nível de Utilização da Capacidade Instalada (Nuci) na indústria de transformação, calculado pela FGV, sem ajuste sazonal, manteve-se inalterado em 84,0% em agosto. Assim, a utilização da capacidade ficou 1,0 p.p. e 1,4 p.p., respectivamente, abaixo da observada em julho e agosto de 2010. Com o ajuste sazonal, calculado pela FGV, o valor do Nuci caiu de 84,1% para 83,6% em agosto, menor nível desde novembro de 2009. A utilização de capacidade é maior no setor de materiais de construção (88,6%) e no de bens intermediários (85,8%). Já no setor de bens de capital, o Nuci ficou em 83,8%, enquanto no setor de bens de consumo em 83,4%. Segundo os dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI), dessazonalizados pelo Banco Central, o Nuci recuou de 82,4% em maio para 82,2% em junho. Ainda que continuem em patamares elevados, as taxas de utilização da capacidade instalada têm mostrado tendência de queda na margem, refletindo, em parte, o processo de maturação dos investimentos realizados. De fato, a absorção de bens de capital apresentou crescimento de 14,1% no acumulado em doze meses até julho, enquanto a produção de insumos para a construção civil cresceu 5,6%.
 
10. O saldo da balança comercial acumulado em doze meses aumentou de US$25,3 bilhões em junho para US$27,1 bilhões em julho. Esse resultado adveio de exportações de US$235,6 bilhões e importações de US$208,6 bilhões, ou variações de 34,1% e 31,9%, respectivamente, no acumulado em doze meses até julho. O déficit em transações correntes acumulado em doze meses caiu de US$49 bilhões em junho para US$47,9 bilhões em julho, equivalente a 2,1% do PIB. Por sua vez, os investimentos estrangeiros diretos totalizaram US$72,2 bilhões em doze meses até julho, equivalente a 3,17% do PIB, superando a necessidade de financiamento externo.
 
11. A economia global enfrenta período de elevada incerteza, com deterioração nas perspectivas de curto e de médio prazo dos países avançados e certa moderação da atividade nos países emergentes. Os riscos para a estabilidade financeira global se ampliaram, entre outros, pela possível exposição de bancos internacionais a dívidas soberanas, principalmente na Zona do Euro. As incertezas foram amplificadas, desde a última reunião do Copom, em parte devido à revisão da classificação de risco da dívida soberana dos Estados Unidos. Ressalte-se que os níveis de aversão ao risco – por exemplo, os mensurados pelas volatilidades implícitas e spreads em mercados de ações, títulos e moedas –, já superam os atingidos em meados de 2010. Em outra perspectiva, taxas de desemprego elevadas por longo período, aliadas à necessidade de ajustes fiscais, bem como limitado espaço para ações de política monetária, têm contribuído para revisões nas projeções de crescimento dos países avançados, ou mesmo de seu crescimento potencial, indicando ciclo econômico mais amplo e volátil. De fato, o indicador antecedente composto divulgado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), referente a junho, apontou sinais fortes de inflexão nas principais economias, com perspectivas de menor crescimento nos próximos meses. Os indicadores desagregados do Purchasing Managers Index (PMI) de julho e agosto, referentes à atividade na indústria e no setor de serviços, são consistentes com esse cenário, pois sugerem estagnação nos Estados Unidos (EUA), China, França e Alemanha, e contração no restante da Zona do Euro. No que se refere à política monetária, as economias maduras continuaram com posturas acomodatícias. Sobre inflação, os núcleos persistem em níveis moderados no G3 (EUA, Zona do Euro e Japão), com Zona do Euro apresentando aumento dos núcleos em julho, relativamente ao mesmo período do ano anterior, e redução em relação a junho de 2011. Apesar de pressões inflacionárias ainda disseminadas nos países emergentes, houve descontinuidade dos ciclos de aperto monetário.
 
12. O preço do barril de petróleo do tipo Brent mostrou-se volátil e encontra-se acima de US$115. Esse nível de preços é consistente com um quadro de estabilidade na demanda global, aliado à elevada instabilidade política em países produtores e defasagens no processo de retomada da produção. Cabe ressaltar que a complexidade geopolítica que envolve o setor do petróleo tende a acentuar o comportamento volátil dos preços, que é reflexo, também, da baixa previsibilidade de alguns componentes da demanda global e do fato de o crescimento da oferta depender de projetos de investimentos de longa maturação e de elevado risco. Em relação às demais commodities, destaca-se a elevação dos preços internacionais das agrícolas e redução das metálicas, após sucessivos meses com elevações relevantes, a despeito das fortes correções nos preços de ativos de risco. O Índice de Preços de Alimentos, calculado pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), que compreende 55 itens, vem apresentando certa estabilidade nos últimos meses, mas continua em patamares elevados. No passado recente, a alta volatilidade dos preços das commodities foi fortemente influenciada pela ampla liquidez global, em contexto no qual os mercados financeiros se ajustam às novas expectativas de crescimento e à volatilidade nos mercados de câmbio.
 
Avaliação prospectiva das tendências da inflação
 
13. Os choques identificados, e seus impactos, foram reavaliados de acordo com o novo conjunto de informações disponível. O cenário considerado nas simulações contempla as seguintes hipóteses:
a) a projeção de reajuste no preço da gasolina para o acumulado de 2011 permaneceu em 4,0%, considerados na reunião do Copom de julho, contemplando, portanto, reversão parcial da elevação de 6,3% ocorrida até julho; e a projeção para o reajuste no preço do gás de bujão, para o acumulado de 2011, foi mantida em 0%;
b) as projeções de reajuste das tarifas de telefonia fixa e eletricidade, para o acumulado em 2011, mantiveram-se em 0,9% e 4,1%, respectivamente, valores considerados na reunião de julho;
c) a projeção de reajuste, construída item a item, para o conjunto de preços administrados por contrato e monitorados para o acumulado de 2011, segundo o cenário de referência, elevou-se para 5,0%, ante os 4,9% considerados na reunião de julho. Esse conjunto de preços, de acordo com os dados publicados pelo IBGE, correspondeu a 29,00% do total do IPCA de julho;
d) a projeção de reajustes para o conjunto de preços administrados por contrato e monitorados para o acumulado de 2012, conforme o cenário de referência, manteve-se em 4,4%, valor considerado na reunião do Copom de julho. Essa projeção se baseia em modelos de determinação endógena de preços administrados, que consideram, entre outros, componentes sazonais, variações cambiais, inflação de preços livres e inflação medida pelo Índice Geral de Preços (IGP); e
e) a trajetória estimada para a taxa do swap pré-DI de 360 dias indica spread sobre a taxa Selic, no cenário de referência, de 19 pontos base (p.b.) e de -39 p.b. para o quarto trimestre de 2011 e de 2012, respectivamente.
 
14. Em relação à política fiscal, considera-se o cumprimento da nova meta de superávit primário, cerca de 3,15% do PIB, sem ajustes, em 2011. Além disso, admite-se, como hipótese de trabalho, superávit primário em torno de 3,10% do PIB em 2012 e 2013, sem ajustes.
 
15. No conjunto das projeções, foram incorporados os efeitos estimados das alterações dos recolhimentos compulsórios anunciadas em dezembro de 2010.
 
16. Desde a última reunião do Copom, a mediana das projeções coletadas pelo Departamento de Relacionamento com Investidores e Estudos Especiais (Gerin) para a variação do IPCA em 2011 manteve-se em 6,31%. Para 2012, a mediana das projeções de inflação se manteve em 5,20%. Nos casos específicos de bancos, gestoras de recursos e demais instituições (empresas do setor real, distribuidoras, corretoras, consultorias e outras), a mediana das projeções para 2011 se deslocou de 6,28%, 6,38% e 6,31% para 6,30%, 6,32% e 6,30%, respectivamente. Para 2012, a mediana das projeções se deslocou de 5,01%, 5,40% e 5,05% para 5,06%, 5,31% e 5,10%, na mesma ordem.
 
17. O cenário de referência leva em conta as hipóteses de manutenção da taxa de câmbio em 1,60 R$/US$ e da taxa Selic em 12,50% ao ano (a.a.) em todo o horizonte relevante. Nesse cenário, a projeção para a inflação de 2011 se elevou em relação ao valor considerado na reunião do Copom de julho e se encontra acima do valor central de 4,5% para a meta fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). No cenário de mercado, que leva em conta as trajetórias de câmbio e de juros coletadas pelo Gerin, junto a analistas de mercado, no período imediatamente anterior à reunião do Copom, a projeção de inflação para 2011 também se elevou e se encontra acima do valor central da meta para a inflação. Para 2012, as projeções de inflação no cenário de referência e no de mercado recuaram, posicionando-se ao redor do valor central da meta nos dois casos. No que se refere ao primeiro semestre de 2013, a projeção de inflação recuou no cenário de referência e permaneceu estável no cenário de mercado, nos dois casos posicionando-se ao redor do valor central da meta.
 
18. Um cenário alternativo, construído e analisado sob a perspectiva de um modelo de equilíbrio geral dinâmico estocástico de médio porte, admite que a atual deterioração do cenário internacional cause um impacto sobre a economia brasileira equivalente a um quarto do impacto observado durante a crise internacional de 2008/2009. Além disso, supõe que a atual deterioração do cenário internacional seja mais persistente do que a verificada em 2008/2009, porém, menos aguda, sem observância de eventos extremos. Nesse cenário alternativo, a atividade econômica doméstica desacelera e, apesar de ocorrer depreciação da taxa de câmbio e de haver redução da taxa básica de juros, entre outros, a taxa de inflação se posiciona em patamar inferior ao que seria observado caso não fosse considerado o supracitado efeito da crise internacional.
 
Implementação da política monetária
 
19. O Copom avalia que a política monetária deve contribuir para a consolidação de um ambiente macroeconômico favorável em horizontes mais longos. Nesse sentido, reitera que, no regime de metas para a inflação, orienta suas decisões de acordo com os valores projetados para a inflação pelo Banco Central e com base na análise de cenários alternativos para a evolução das principais variáveis que determinam a dinâmica dos preços. O Comitê entende, também, que riscos baixos para a inflação subjacente no curto prazo tendem a reduzir incertezas em relação ao comportamento futuro da inflação plena, facilitam a avaliação de cenários por parte da autoridade monetária, assim como auxiliam no processo de coordenação de expectativas dos agentes econômicos, em particular, dos formadores de preços. Note-se, adicionalmente, que riscos baixos para a inflação subjacente no curto prazo tendem a potencializar os efeitos das ações de política monetária, fazendo com que elas possam afetar de forma mais duradoura a dinâmica da inflação plena no futuro. Embora reconheça que outras ações de política macroeconômica podem influenciar a trajetória dos preços, o Copom reafirma sua visão de que cabe especificamente à política monetária manter-se especialmente vigilante para garantir que pressões detectadas em horizontes mais curtos não se propaguem para horizontes mais longos.
 
20. A evidência internacional, no que é ratificada pela experiência brasileira, indica que taxas de inflação elevadas levam ao aumento dos prêmios de risco, tanto para o financiamento privado quanto para o público, e ao encurtamento dos horizontes de planejamento, tanto das famílias quanto das empresas. Consequentemente, taxas de inflação elevadas reduzem os investimentos e o potencial de crescimento da economia, além de terem efeitos regressivos sobre a distribuição de renda. De outra forma, taxas de inflação elevadas não trazem qualquer resultado duradouro em termos de crescimento da economia e do emprego, mas, em contrapartida, trazem prejuízos permanentes para essas variáveis no médio e no longo prazos. Assim, a estratégia adotada pelo Copom visa assegurar a convergência da inflação para a trajetória de metas, o que exige a pronta correção de eventuais desvios em relação a essa trajetória. Tal estratégia leva em conta as defasagens do mecanismo de transmissão e é a mais indicada para lidar com a incerteza inerente ao processo de formulação e de implementação da política monetária.
 
21. Como consequência da estabilização e da correção de desequilíbrios, as quais determinaram mudanças estruturais importantes, o processo de amadurecimento do regime de metas se encontra em estágio avançado, e isso se reflete favoravelmente na dinâmica da taxa de juros neutra e na potência da política monetária. Evidências a esse respeito são oferecidas, entre outros, pelo cumprimento das metas para a inflação nos últimos sete anos, ao mesmo tempo em que as taxas reais de juros recuaram. Progressos na estrutura dos mercados financeiros, redução do prêmio de risco cambial e do inflacionário, entre outros, parecem ter determinado redução significativa da taxa neutra. Também contribuiu para isso a geração de superávits primários consistentes com a manutenção de tendência decrescente para a relação entre dívida pública e PIB. Em outra perspectiva, alguns desses desenvolvimentos, combinados a outros, como o alargamento de prazo dos contratos, também sugerem que o poder da política monetária no Brasil vem aumentando ao longo dos últimos anos, não obstante a substancial incerteza que envolve o dimensionamento de variáveis não observáveis. O Comitê também pondera que há evidências de que a tração da política monetária aumentou no passado recente e, comparativamente ao que se observava há alguns anos, atualmente pressões inflacionárias são contidas com mais eficiência por meio de ações de política monetária.
 
22. Reavaliando o cenário internacional, o Copom considera que houve substancial deterioração desde sua última reunião, consubstanciada, por exemplo, em reduções generalizadas e de grande magnitude nas projeções de crescimento para os principais blocos econômicos. O Comitê entende que aumentaram as chances de que restrições às quais hoje estão expostas diversas economias maduras se prolonguem por um período de tempo maior do que o antecipado. Nota ainda que, nessas economias, parece limitado o espaço para utilização de política monetária e prevalece um cenário de restrição fiscal. Dessa forma, o Comitê avalia que o cenário internacional manifesta viés desinflacionário no horizonte relevante.
 
23. Para o Copom, a transmissão dos desenvolvimentos externos para a economia brasileira pode se materializar por intermédio de diversos canais, entre outros, redução da corrente de comércio, moderação do fluxo de investimentos, condições de crédito mais restritivas e piora no sentimento de consumidores e empresários. O Comitê entende que a complexidade que cerca o ambiente internacional contribuirá para intensificar e acelerar o processo em curso de moderação da atividade doméstica, que já se manifesta, por exemplo, no recuo das projeções para o crescimento da economia brasileira. Dito de outra forma, o processo de moderação em que se encontra a economia – uma decorrência das ações de política implementadas desde o final do ano passado – tende a ser potencializado pela fragilidade da economia global. Dessa forma, o balanço de riscos para a inflação se torna mais favorável.
 
24. O Copom pondera que, embora esteja em curso moderação da expansão da demanda doméstica, ainda são favoráveis as perspectivas para a atividade econômica. Essa avaliação encontra suporte em sinais que, apesar de indicarem arrefecimento, apontam que a expansão da oferta de crédito tende a persistir tanto para pessoas físicas quanto para pessoas jurídicas; e no fato de a confiança de consumidores, a despeito de acomodação na margem, encontrar-se em níveis elevados. O Comitê entende, adicionalmente, que a atividade doméstica continuará a ser favorecida pelo vigor do mercado de trabalho, que se reflete em taxas de desemprego historicamente baixas e em crescimento dos salários.
 
25. O Copom entende que o cenário prospectivo para a inflação, desde sua última reunião, acumulou sinais favoráveis. No último trimestre de 2010 e no primeiro deste ano, a inflação foi forte e negativamente influenciada por choques de oferta domésticos e externos, mas as evidências sugerem que os preços ao consumidor já incorporaram os efeitos diretos desses choques. Também foram relevantes os efeitos diretos da concentração atípica de reajustes de preços administrados ocorrida no primeiro trimestre deste ano, que, em casos específicos, mostra sinais de reversão. O Comitê pondera que esses efeitos ainda deverão impactar indiretamente a dinâmica dos preços ao consumidor, entre outros mecanismos, via inércia. O Comitê avalia como relevantes, embora decrescentes, os riscos derivados da persistência do descompasso entre as taxas de crescimento da oferta e da demanda. Destaca a estreita margem de ociosidade no mercado de trabalho, e pondera que, em tais circunstâncias, um risco muito importante reside na possibilidade de concessão de aumentos de salários incompatíveis com o crescimento da produtividade e suas repercussões negativas sobre a dinâmica da inflação. Por outro lado, observa que o nível de utilização da capacidade instalada tem recuado e se encontra abaixo da tendência de longo prazo, ou seja, está contribuindo para a abertura do hiato do produto e para conter pressões de preços. No final do ano passado e início deste ano, os riscos associados à trajetória dos preços das commodities nos mercados internacionais foram chave para o cenário prospectivo, entretanto, desde abril esses preços mostram certa acomodação.
 
26. O Copom prevê que neste trimestre se encerra o ciclo de elevação da inflação acumulada em doze meses. A partir do quarto trimestre, o cenário central indica tendência declinante para a inflação acumulada em doze meses, ou seja, a mesma passa a se deslocar na direção da trajetória de metas.
 
27. O Copom reafirma que o cenário central para a inflação leva em conta a materialização das trajetórias com as quais trabalha para as variáveis fiscais. Importa destacar que a geração de superávits primários compatíveis com as hipóteses de trabalho contempladas nas projeções de inflação, além de contribuir para arrefecer o descompasso entre as taxas de crescimento da demanda e da oferta, solidificará a tendência de redução da razão dívida pública sobre produto. A propósito, cabe enfatizar que, desde o início deste ano, importantes decisões foram tomadas e executadas, e reforçam a visão de que está em curso um processo de consolidação fiscal. A esse respeito, na avaliação do Comitê, a recente revisão do cenário para a política fiscal torna o balanço de riscos para a inflação mais favorável.
 
28. O Copom destaca que o cenário central também contempla moderação na expansão no mercado de crédito, para a qual contribuem ações macroprudenciais e ações convencionais de política monetária recentemente adotadas. Ainda sobre esse mercado, o Comitê considera oportuna a introdução de iniciativas no sentido de moderar concessões de subsídios por intermédio de operações de crédito.
 
29. Em suma, o Copom reconhece um ambiente econômico em que prevalece nível de incerteza crescente e que já se posiciona muito acima do usual, e identifica riscos decrescentes à concretização de um cenário em que a inflação convirja tempestivamente para o valor central da meta. Dito de outra forma, o Comitê pondera que o cenário prospectivo para a inflação, desde sua última reunião, acumulou sinais favoráveis.
 
30. O Copom, de forma unânime, reconhece que o ambiente macroeconômico se alterou substancialmente desde sua última reunião, de modo a justificar uma reavaliação, e, eventualmente, reversão, do recente processo de elevação da taxa básica. Entretanto, dois membros do Comitê avaliam que o momento atual ainda não oferece todas as condições necessárias a que esse movimento tenha início imediatamente.
 
31. Nesse contexto, o Copom decidiu reduzir a taxa Selic para 12,00% a.a., sem viés, por cinco votos a favor e dois votos pela manutenção da taxa Selic em 12,50% a.a.
 
32. A demanda doméstica ainda se apresenta robusta, em grande parte devido aos efeitos de fatores de estímulo, como o crescimento da renda e a expansão do crédito. Entretanto, iniciativas recentes reforçam um cenário de contenção das despesas do setor público. Também se apresentam como importantes fatores de contenção, a substancial deterioração do cenário internacional e ações macroprudenciais implementadas. Esses elementos e os desenvolvimentos no âmbito parafiscal são parte importante do contexto no qual decisões futuras de política monetária serão tomadas, com vistas a assegurar a convergência tempestiva da inflação para a trajetória de metas.
 
33. O Copom entende que, ao tempestivamente mitigar os efeitos vindos de um ambiente global mais restritivo, ajustes moderados no nível da taxa básica são consistentes com o cenário de convergência da inflação para a meta em 2012.
 
34. Ao final da reunião, foi registrado que o Comitê voltará a se reunir em 18 de outubro de 2011, para as apresentações técnicas, e no dia seguinte, para deliberar sobre a política monetária, conforme estabelecido pelo Comunicado nº 20.223, de 15 de outubro de 2010.

Fonte: Banco Central do  Brasil

Política Monetária e Operações de Crédito do Sistema Financeiro



I - Evolução dos agregados monetários
A média dos saldos diários da base monetária alcançou R$179,7 bilhões em agosto, recuando 0,1% no mês e registrando elevação de 6,6% em doze meses. A variação mensal resultou do crescimento de 0,6% no saldo médio do papel-moeda emitido e da redução de 2,5% nas reservas bancárias.

Os fluxos mensais dos fatores de emissão monetária foram contracionistas em R$20,2 bilhões nas operações do Tesouro Nacional e em R$4,6 bilhões nos recolhimentos compulsórios incluídos nos depósitos de instituições financeiras. Tais impactos foram parcialmente neutralizados pelas compras líquidas de divisas pelo Banco Central no mercado interbancário de câmbio, que atingiram R$7,9 bilhões, e pelas operações com títulos públicos federais, expansionistas em R$13,9 bilhões, as quais refletiram compras líquidas de R$26,8 bilhões no mercado secundário e colocações líquidas de R$12,9 bilhões de títulos no mercado primário.

O saldo médio diário dos meios de pagamento restritos (M1) atingiu R$250,5 bilhões em agosto, ao registrar declínio de 1,2% no mês e elevação de 4,2% em doze meses. Nas mesmas bases de comparação, o saldo médio do papel-moeda em poder do público avançou 0,4% e 8,8%, enquanto os depósitos à vista assinalaram variações respectivas de -2,4% e de 0,8%.

Os meios de pagamento no conceito M2, que corresponde ao M1 acrescido de depósitos para investimentos, depósitos de poupança e títulos privados, cresceram 1,4% em agosto, totalizando R$1,5 trilhão. Esse resultado refletiu, sobretudo, o avanço de 2,8% no saldo dos títulos privados, que atingiu R$846,6 bilhões, após captações líquidas de R$10,6 bilhões em depósitos a prazo. O saldo dos depósitos de poupança, R$400,6 bilhões, aumentou 0,7%, favorecido por captações líquidas de R$2,2 bilhões no período.

O M3, que compreende o M2, as quotas de fundos de renda fixa e os títulos públicos que lastreiam as operações compromissadas entre o público e o setor financeiro, expandiu-se 1,8% no mês, totalizando R$2,8 trilhões, reflexo do crescimento registrado no M2, bem como do aumento de 2,2% no saldo das quotas de fundos de renda fixa, que alcançaram R$1,3 trilhão. O M4, conceito que compreende o M3 e os títulos públicos de detentores não financeiros, apresentou elevação de 1,7% no mês e de 17,6% nos últimos doze meses, somando R$3,3 trilhões.


II - Operações de crédito do sistema financeiro
A expansão do crédito bancário registrou aceleração em agosto, mantendo, porém, a trajetória de moderação observada ao longo do ano, condizente com a política monetária adotada e com o relativo arrefecimento da demanda doméstica. A evolução permaneceu sustentada principalmente pelo crescimento das carteiras com recursos direcionados, impulsionadas pelo vigor do crédito habitacional e elevações nos financiamentos rurais e do BNDES. No segmento de recursos livres, o crescimento dos empréstimos a pessoas físicas esteve associado ao crédito pessoal e aos financiamentos para aquisição de veículos, ao passo que nas carteiras de pessoas jurídicas, as contratações mais expressivas referiram-se às operações de capital de giro e adiantamentos sobre contratos de câmbio (ACC).

Nesse cenário, o volume das operações de crédito do sistema financeiro, contemplados recursos livres e direcionados, totalizou R$1.889 bilhões em agosto, com elevações de 1,7% no mês, 10,7% no ano e 19,4% em doze meses, correspondendo a 47,8% do PIB, ante 47,3% em julho e 45% em agosto de 2010. O saldo das operações realizadas pelos bancos públicos representou 42,2% do total do sistema financeiro, o relativo aos bancos privados nacionais, 40,6% e o das instituições com controle estrangeiro, 17,2%.

O crédito direcionado atingiu R$662,3 bilhões em agosto, após incrementos de 2,4% no mês, 12,3% no ano e 22,2% em doze meses. Os financiamentos concedidos pelo BNDES corresponderam a R$385 bilhões, com evoluções respectivas de 1,8%, 7,6% e 14,9% nos mesmos períodos. Dentre as operações financiadas pelo BNDES, os empréstimos contratados diretamente totalizaram R$187,9 bilhões, com aumento mensal de 2,1%, enquanto os repasses somaram R$197,1 bilhões, assinalando elevação de 1,6%. O crédito direcionado à habitação, envolvendo recursos da poupança e do FGTS, manteve-se em aceleração, expandindo-se 3,6% no mês, 28,4% no ano e 47,1% em doze meses. As operações de crédito para o setor rural cresceram 2,6% no mês, alcançando R$93,7 bilhões.

As operações de crédito com recursos livres, que respondem por 64,9% da carteira total do sistema financeiro, atingiram R$1.227 bilhões, avançando 1,4% no mês, 9,9% no ano e 17,9% em relação a agosto de 2010. O saldo dos empréstimos contratados com pessoas jurídicas cresceu 1,4% no mês, totalizando R$611,1 bilhões, em decorrência da expansão de 1,2% nas operações com recursos internos e de 3,6% nas modalidades referenciadas em moeda estrangeira. Os financiamentos a pessoas físicas somaram R$615,5 bilhões, ao elevarem-se 1,3% no mês.


II.1 - Distribuição setorial do crédito
O crédito ao setor privado, computados recursos livres e direcionados, situou-se em R$1.819 bilhões em agosto, variação de 1,7% no mês. O volume destinado à indústria alcançou R$391,7 bilhões, com aumento de 1,2% no período comparativo, favorecido por empréstimos aos ramos de energia, extração mineral, mecânica e agronegócios. As operações destinadas ao segmento outros serviços, impulsionadas pela demanda por capital de giro de grandes empresas dos setores de energia, transportes e serviços automotivos, avançaram 2,2% no mês, atingindo R$322,4 bilhões. Os financiamentos para o segmento comercial alcançaram R$192,2 bilhões, assinalando elevação de 1,3% no mês, ressaltando-se operações voltadas ao comércio de agronegócios, utensílios eletroeletrônicos, móveis e produtos químicos.

O crédito habitacional, consideradas as operações para aquisição e construção de moradias com recursos livres e direcionados, atingiu R$180,2 bilhões em agosto, expansões de 3,7% no mês, 29,9% no ano e 49,3% em doze meses. O crédito rural, condicionado pela demanda de recursos para o custeio agrícola da safra 2011/2012, somou R$131,8 bilhões, crescimento de 2,2% no mês.

O crédito bancário ao setor público, que representa 3,7% do volume total de crédito do sistema financeiro, situou-se em R$70 bilhões, após expansão de 1,4% em agosto, ao refletir o acréscimo de 2% nas operações contratadas com o governo federal, saldo de R$34,5 bilhões, e o incremento de 0,7% referente às esferas estaduais e municipais, cujo volume totalizou R$35,5 bilhões.


II.2 - Operações com recursos livres - Crédito referencial para taxas de juros
O saldo das operações destinadas a pessoas físicas apresentou aceleração, elevando-se 1,8% no mês, ressaltando-se as expansões de 1,9% nos financiamentos de veículos e de 1,6% no crédito pessoal. No segmento de pessoas jurídicas, o crescimento mensal de 1,5% foi determinado pelos empréstimos de capital de giro, cuja expansão de 1,9% foi impulsionada pela demanda de empresas de maior porte. Nas modalidades com recursos externos, as operações de ACC mantiveram o ritmo de crescimento, assinalando elevação de 3,4%.

A taxa média de juros das modalidades que compõem o crédito referencial permaneceu estável em 39,7% a.a. em agosto, acumulando elevação de 4,5 p.p. em doze meses. Essa estabilidade decorreu da redução de 0,5 p.p. no custo médio das operações destinadas a pessoas jurídicas e do acréscimo de 0,5 p.p. no relativo a pessoas físicas.

A inadimplência do crédito referencial, que corresponde à participação relativa das operações com atrasos superiores a noventa dias, alcançou 5,3%, com incremento de 0,1 p.p. no mês, refletindo aumentos de 0,1 p.p. tanto no segmento empresarial, quanto no das famílias, cujas taxas situaram-se em 3,9% e 6,7%, respectivamente. O percentual de atrasos de 15 a 90 dias recuou 0,2 p.p. nos créditos a pessoas físicas e manteve-se estável nos empréstimos a pessoas jurídicas, atingindo 6,2% e 2,2%, respectivamente.


III - Ativos e passivos internacionais do sistema bancário
Os ativos internacionais do sistema bancário totalizaram R$190,3 bilhões em junho, evidenciando, no trimestre, retração de 3,4%, em reais, e expansão de 0,8%, em dólares. No mesmo período, o grau de internacionalização do sistema recuou de 4,9% para 4,6%. Entre os ativos internacionais, a participação correspondente aos bancos nacionais aumentou de 59,4% para 62,3%, enquanto a dos bancos estrangeiros declinou de 40,6% para 37,7%. A parcela referente aos bancos privados nacionais atingiu 48,9% do total de ativos internacionais em junho, ante 40,4% em março. Em sentido oposto, a participação dos bancos públicos recuou de 19% em março para 13,4% em junho. Observou-se, no período, a continuidade da expansão das operações com residentes, cuja participação passou de 32,7% para 33,4%. No tocante às posições com não residentes, destaque-se a retração da parcela correspondente aos Estados Unidos, que diminuiu de 12,5% em março para 10,5% em junho.

Os passivos internacionais apresentaram expansão trimestral de 0,3% em reais e de 4,6% em dólares, ao atingirem R$269,7 bilhões em junho. A participação desses recursos no total de passivos exigíveis do sistema bancário reduziu-se de 7,3% em março para 7,2% em junho. A exemplo do ocorrido com os ativos, a representatividade dos bancos estrangeiros registrou retração, passando a responder por 38,4% dos passivos internacionais, comparativamente a 40,6% em março. Com relação às contrapartes, as operações com os Estados Unidos cresceram de 23,9% para 27% do total de passivos internacionais, enquanto as operações com residentes recuaram de 25,7% para 21,4%.

Os ativos internacionais consolidados do sistema bancário, que incluem somente posições com não residentes, atingiram saldo de R$121 bilhões em junho, segundo o conceito de risco inicial, registrando aumentos trimestrais de 1,4% em reais e de 5,8% em dólares. No conceito de risco final, que incorpora ao ativo inicial o resultado das transferências de risco entre países, o saldo alcançou R$115,9 bilhões.

Fonte: Banco Central do Brasil