quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Política Monetária e Operações de Crédito do SFN

NOTA PARA A IMPRENSA - 26.10.2011


I - Evolução dos agregados monetários

A base monetária, avaliada pela média dos saldos diários, atingiu R$184,3 bilhões em setembro, com aumentos de 2,5% no mês e de 6,5% em doze meses, permanecendo nos intervalos fixados pela programação monetária para o terceiro trimestre de 2011, assim como os demais agregados. O comportamento no mês decorreu da expansão de 3,4% no saldo médio do papel-moeda emitido e recuo de 0,2% nas reservas bancárias.

Os fluxos dos fatores de emissão monetária registraram contrações de R$9,1 bilhões nas operações do Tesouro Nacional, de R$5,7 bilhões nos recolhimentos compulsórios compreendidos nos depósitos de instituições financeiras e de R$2,2 bilhões nos ajustes nas operações com derivativos. As operações com títulos públicos federais, que incluem a atuação do Banco Central no ajuste de liquidez do mercado monetário, resultaram em expansão de R$25,7 bilhões, em função de compras líquidas de R$39 bilhões no mercado secundário e colocações líquidas de R$13,3 bilhões de títulos do Tesouro Nacional no mercado primário.

Os meios de pagamento restritos (M1), calculados pelo saldo médio diário, alcançaram R$253,4 bilhões em setembro, refletindo crescimento de 1,2% no mês, correspondente a acréscimo de 2,6% no saldo médio do papel-moeda em poder do público, uma vez que os depósitos à vista permaneceram estáveis. Em doze meses, o M1 cresceu 2,5%, registrando variações respectivas em seus componentes de 7,9% e -1,5%.

Os meios de pagamento no conceito M2, que corresponde ao M1 mais depósitos para investimentos, depósitos de poupança e títulos privados, apresentaram variação positiva de 2,2% no período, totalizando R$1,5 trilhão. Após registrar captações líquidas de R$4,2 bilhões, o saldo dos depósitos de poupança atingiu R$408,6 bilhões, crescimento de 2% em relação a agosto. O saldo dos títulos privados assinalou variação positiva de 2,2% no período, somando R$865,1 bilhões, apesar de ter registrado resgates líquidos de R$150 milhões em depósitos a prazo.

O conceito M3, que compreende o M2, as quotas de fundos de renda fixa e os títulos públicos que lastreiam as operações compromissadas entre o público e o setor financeiro, cresceu 1,6% no mês, totalizando R$2,9 trilhões, reflexo do crescimento de 1,4% observado no saldo das quotas de fundos de renda fixa, que atingiu R$1,3 trilhão. O M4, conceito que compreende o M3 e os títulos públicos de detentores não financeiros, registrou elevação de 1% no mês e 14,6% nos últimos doze meses, totalizando R$3,4 trilhões.

Em reunião de 29.9.2011, o Conselho Monetário Nacional (CMN) aprovou a programação monetária para o quarto trimestre de 2011, contemplando estimativas para os principais agregados monetários, conforme tabela abaixo. As projeções são consistentes com cenário de renda e trajetória de taxas de juros compatível com a política econômica em curso.


(A Programação Monetária está disponível no arquivo ni2-t01p.gif, em anexo.)


II - Operações de crédito do sistema financeiro

As operações de crédito do sistema financeiro apresentaram, em setembro, expansão mais acentuada em relação à observada no mês anterior. A evolução assinalada, no entanto, foi influenciada, em grande parte, pelos efeitos da depreciação cambial nos estoques das modalidades lastreadas em moeda estrangeira, com ênfase para os financiamentos realizados pelo BNDES e para as operações de adiantamentos sobre contratos de câmbio (ACC). Nesse contexto, o estoque total de crédito do sistema financeiro, computadas as operações com recursos livres e direcionados, atingiu R$1.929 bilhões em setembro, registrando expansões de 2,1% no mês, 13,1% no ano e 19,6% em doze meses, ante variações respectivas de 1,8%, 10,8% e 19,4% em agosto. Em decorrência, a relação crédito/PIB passou a representar 48,4%, ante 47,8% no mês anterior e 45,4% em setembro de 2010.

Os financiamentos contratados com recursos direcionados somaram R$682,5 bilhões, revelando expansões de 2,9% no mês, 15,7% no ano e 23,6% em relação a setembro de 2010. As operações concedidas pelo BNDES alcançaram R$397,4 bilhões, com incrementos de 3,2%, 11,1% e 17,6% nas mesmas bases de comparação, destacando-se os empréstimos realizados sob a forma direta, que totalizaram R$196,9 bilhões, após acréscimo de 4,8% no mês. Os créditos destinados à habitação, que inclui recursos da poupança e do FGTS, mantiveram a trajetória de expansão, atingindo R$172,9 bilhões, registrando elevações respectivas de 2,3%, 31,6% e 45,3% nos períodos mencionados.

O saldo do crédito livre, que representou 64,6% da carteira total do sistema financeiro, alcançou R$1.247 bilhões em setembro, expandindo-se 1,7% no mês, 11,7% no ano e 17,4% em doze meses. O volume das operações contratadas por pessoas jurídicas somou R$624,9 bilhões, com aumento mensal de 2,4%. Esse desempenho foi condicionado, principalmente, pelas modalidades referenciadas em recursos externos, que evoluíram 7,9% no mês, totalizando R$63,3 bilhões, assim como pelas carteiras com recursos domésticos, saldo de R$561,6 bilhões e aumento de 1,8% no mês. Os empréstimos destinados a pessoas físicas somaram R$622 bilhões, registrando acréscimo mensal de 0,9%.

A participação relativa dos bancos públicos no total da carteira de crédito, traduzindo, sobretudo, a variação cambial nos saldos das operações referenciadas em captações externas, aumentou de 42,2% em agosto, para 42,5%. A representatividade das instituições privadas nacionais declinou 0,4 p.p., situando-se em 40,2%, enquanto a relativa aos bancos estrangeiros atingiu 17,3%, ante 17,2% no mês anterior.


II.1 - Distribuição setorial do crédito

O estoque de empréstimos e financiamentos destinados ao setor privado, considerados os recursos livres e direcionados, atingiu R$1.855 bilhões em setembro, com elevação de 2% no mês. Em termos setoriais, os recursos alocados na indústria cresceram 2,6% no mês, ao totalizar R$401,9 bilhões, assinalando-se as contratações dos ramos de siderurgia, agronegócios, energia e transportes. Os créditos destinados ao segmento outros serviços, favorecidos pela demanda dos setores rodoviário, aeronáutico, distribuição de energia e atividades vinculadas à consultoria, evoluíram 2,6% no mês, com saldo de R$330 bilhões. O volume de crédito bancário contratado pelo setor comercial alcançou R$197 bilhões, com expansão mensal de 2,3%, refletindo as contratações dos ramos relacionados a extração mineral, agronegócios, produtos farmacêuticos e utensílios eletroeletrônicos.

As operações de crédito destinadas ao setor habitacional, computadas as operações para aquisição e construção de moradias, totalizaram R$184,7 bilhões, com incrementos de 2,2% no mês, 33,1% no ano e 47,3% em doze meses. Com o aumento da demanda, o volume do crédito habitacional passou a representar 4,6% do PIB, ante 3,5% em setembro do ano anterior. Os financiamentos contratados com o setor rural, influenciados pela procura das modalidades de custeio e investimento agrícolas referentes à safra 2011/2012, aumentaram 2,5% em setembro, com o saldo atingindo R$134,9 bilhões.

Os financiamentos direcionados ao setor público alcançaram R$74,3 bilhões em setembro, demonstrando expansão de 5,8% no mês. Essa evolução, traduzindo o efeito contábil da depreciação cambial nos saldos relativos a empresas de petróleo e gás, foi impulsionada pelo crescimento de 9,5% da dívida bancária do governo federal, cujo volume situou-se em R$37,8 bilhões. As operações destinadas aos estados e municípios somaram R$36,5 bilhões, com evolução mensal de 2,2%, destacando-se as concessões para infraestrutura urbana e energia.


II.2 - Operações com recursos livres - Crédito referencial para taxas de juros

Nas operações de crédito a pessoas físicas, o saldo de financiamentos para aquisição de veículos registrou expansões de 2% no mês e de 33,3% em doze meses, comparativamente às variações respectivas de 1,9% e de 36,4% do mês anterior, nas mesmas bases de comparação. A carteira de crédito pessoal vem apresentando redução no ritmo de crescimento desde junho, elevando-se 1,1% no mês e 20,7% em relação ao mesmo período do ano anterior.

As operações destinadas ao segmento empresarial intensificaram seu ritmo de expansão em setembro, impulsionadas pela variação cambial da carteira com recursos externos e pela demanda por crédito, principalmente, pelas pequenas e médias empresas para atender às vendas de final de ano. A modalidade referente a capital de giro apresentou incrementos de 1,6% no mês e de 18,9% em doze meses, enquanto os financiamentos lastreados em recursos externos, refletindo efeitos contábeis da depreciação cambial de 16,8% no período, registraram ampliações respectivas de 7,9% e de 22,7% nas mesmas bases de comparação.

A partir desta Nota, o Banco Central do Brasil (BCB) passa a divulgar mensalmente a Taxa Preferencial Brasileira (TPB), que se refere à taxa média de uma amostra de operações de crédito concedidas pelas instituições financeiras a seus clientes preferenciais (pessoas jurídicas), que tradicionalmente apresentam menor risco. A apuração e divulgação da TPB têm como objetivo possibilitar a comparação com taxas similares praticadas em outros países, bem como servir de referência para a contratação de outros empréstimos bancários, contribuindo assim para o aumento da transparência e da concorrência no mercado de crédito. A metodologia de cálculo da TPB pode ser consultada no Relatório de Estabilidade Financeira, de setembro de 2011 (http://www.bcb.gov.br/?RELESTAB201109). Dessa forma, com dados disponíveis para agosto, a TPB situou-se em 17,8% a.a., com crescimentos de 0,4 p.p. no mês e de 3,6 p.p. em doze meses.

A taxa média de juros das modalidades que compõem o crédito referencial apresentou redução de 0,7 p.p no mês, situando-se em 39% a.a. em setembro, mesmo patamar de março deste ano. O declínio mensal no custo do crédito foi determinado por reduções de 0,9 p.p. nos créditos às pessoas jurídicas e de 0,5 p.p. nos relativos às pessoas físicas, com as taxas situando-se, nessa ordem, em 30% a.a. e 45,7% a.a. No segmento empresarial, destacou-se a redução de 1,8 p.p. na taxa média das operações prefixadas em capital de giro, enquanto nos créditos às famílias, o recuo de 0,9 p.p. assinalado nos financiamentos a veículos foi o mais relevante.

A inadimplência do crédito referencial, consideradas as operações com atrasos superiores a noventa dias, manteve-se estável em 5,3% em relação a agosto. Por segmento, o indicador recuou 0,1 p.p. nas operações com pessoas jurídicas, ao atingir 3,8%, mantendo-se em 6,8% nos créditos a pessoas físicas. O percentual de atrasos de 15 a 90 dias aumentou 0,2 p.p. nos créditos às famílias e diminuiu 0,1 p.p. nos referentes às empresas, situando-se em 6,4% e 2,1%, respectivamente.





Estatísticas complementares às divulgadas nesta nota podem ser obtidas na página do Banco Central, na internet:

* Economia e Finanças - Séries Temporais (http://www.bcb.gov.br/?SERIESTEMP);
* Sistema Financeiro Nacional - Informações sobre operações bancárias - Taxas de operações de crédito - Dados Consolidados (mensal) (http://www.bcb.gov.br/?TXCREDMES).


GLOSSÁRIO

POLÍTICA MONETÁRIA

Base Monetária: passivo monetário do Banco Central, também conhecido como emissão primária de moeda. Inclui o total de cédulas e moedas em circulação e os recursos da conta "Reservas Bancárias". É a principal variável de política monetária, refletindo o resultado líquido de todas as operações ativas e passivas do Banco Central.

Fatores condicionantes da Base Monetária: refere-se às fontes de criação (emissão de moeda pelo Banco Central) ou destruição (recolhimento de moeda pelo Banco Central) de moeda primária (base monetária). Toda operação/intervenção do Banco Central que resulta em entrega de papel-moeda e/ou crédito em contas de "Reservas Bancárias" significa expansão monetária (criação de moeda) e é apresentada com sinal positivo. Ao contrário, toda operação/intervenção do Banco Central que resulta em recebimento e/ou débito em contas de "Reservas Bancárias" significa contração monetária e é apresentada com sinal negativo. Deve-se ressaltar a diferença entre fabricação e emissão de moeda: a fabricação é um processo fabril de cédulas e moedas e a emissão é um processo econômico que resulta em crescimento da oferta monetária, tanto física (cédulas e moedas) quanto escritural (Reservas Bancárias).

Base Monetária ? Conceito B1: corresponde à base monetária restrita acrescida dos valores adicionais de compulsório remunerado incidente sobre depósitos à vista.

Base Monetária ampliada: conceito amplo de base monetária foi introduzido no Plano Real com o pressuposto de que agregados mais amplos sejam melhor correlacionados com os preços na economia brasileira, visto que mais perfeitamente captam a substitutibilidade entre a moeda, em seu conceito mais restrito, e os demais ativos financeiros. Inclui, além da base restrita, os principais passivos do Banco Central e do Tesouro Nacional (compulsórios e títulos federais).

Meios de Pagamento: conceito restrito de moeda (M1). Representa o volume de recursos prontamente disponíveis para o pagamento de bens e serviços. Inclui o papel-moeda em poder do público, isto é, as cédulas e moedas metálicas detidas pelos indivíduos e empresas não financeiras e, ainda, os seus depósitos à vista efetivamente movimentáveis por cheques ou instrumentos eletrônicos. Com a redução da inflação, a partir da introdução do real, ocorreu forte crescimento dos meios de pagamento no conceito restrito, processo esse conhecido como remonetização, resultante da recuperação da credibilidade da moeda nacional.

Meios de pagamento ampliados: inclui moeda legal e quase-moeda, correspondendo aos instrumentos de elevada liquidez, em sentido amplo. O M2 corresponde ao M1 mais as emissões de alta liquidez realizadas primariamente no mercado interno por instituições depositárias - as que realizam multiplicação de crédito. O M3 é composto pelo M2, pelas quotas dos fundos de renda fixa e pelo saldo das operações compromissadas com títulos públicos federais em poder do público não financeiro registrados no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic). O M4 agrega o M3 e a carteira livre de títulos públicos do setor não financeiro.

Recolhimentos/encaixes obrigatórios de instituições financeiras: refere-se aos valores recolhidos ao Banco Central e/ou mantidos pelas instituições na forma de encaixe para fins de cumprimento das diversas normas prudenciais e de controle monetário, estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional. Os recolhimentos "em espécie" correspondem aos valores que foram transferidos das contas "Reservas Bancárias" para outras contas de depósitos no Banco Central e que têm movimentação limitada aos períodos regulamentares, geralmente semanais, mediante demonstrativo de evolução da base de cálculo. Estes recolhimentos podem ser remunerados ou não. Os recolhimentos "em títulos" correspondem aos valores dos títulos públicos federais que foram vinculados no Selic, e que ficaram indisponíveis para negociações enquanto mantida a vinculação. Os recolhimentos "em títulos" são considerados remunerados em função da rentabilidade implícita no valor atualizado do título, não recebendo qualquer remuneração adicional por parte do Banco Central.


OPERAÇÕES DE CRÉDITO DO SISTEMA FINANCEIRO

Operações de crédito do sistema financeiro: estoque total das operações de empréstimos e financiamentos concedidas pelas instituições integrantes do Sistema Financeiro Nacional, exclusive agências e subsidiárias de bancos brasileiros no exterior. As operações de crédito são classificadas de acordo com:

I) Origem dos recursos:
I.1) Operações de crédito com recursos direcionados: operações realizadas com taxas ou recursos pré-estabelecidos em normas governamentais, destinadas, basicamente, aos setores rural, habitacional e de infraestrutura.
I.2) Operações de crédito com recursos livres: formalizadas com taxas de juros livremente pactuadas entre os mutuários e as instituições financeiras. Excluem-se as operações de repasses do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social ou quaisquer outras lastreadas em recursos compulsórios ou governamentais. Contemplam as seguintes operações:
I.2.1) crédito referencial para taxas de juros: operações consideradas para o cálculo das taxas médias de juros das modalidades de crédito, assim como dos segmentos de pessoa física e de pessoa jurídica. A remessa das informações pelas instituições financeiras é regulamentada pela Circular 2.957/1999 e classificada de acordo com os seguintes critérios:
I.2.1.1) por tipo de encargo:
I.2.1.1.1) prefixados: operações em que o percentual de correção do saldo ou das parcelas é definido previamente, por ocasião da assinatura do contrato;
I.2.1.1.2) pós-fixados: operações cuja correção pode ser contratada com base em percentual variável ou em duas parcelas, uma com percentual fixo e prefixado e outra com percentual variável. O percentual variável é referenciado em taxa regularmente calculada e de conhecimento público com período de vigência superior a um dia (por exemplo, TR, TBF e TJLP) ou variação cambial, caracterizando-se por ser conhecido após a assinatura do contrato ou no vencimento da operação ou parcela;
I.2.1.1.3) taxas flutuantes: distingue-se do encargo posfixado devido ao percentual variável ser corrigido com base em taxa com período de vigência de um dia (por exemplo, taxas Selic e DI);
I.2.1.1.4) índices de preços: operações contratadas com prazo mínimo de um ano e correção baseada em índices de preços.
I.2.1.2) por categoria de tomador: pessoas jurídicas e físicas;
I.2.1.3) por modalidade de crédito:
I.2.1.3.1) hot money: operações de crédito caracterizadas por prazo máximo de 29 dias e procedimentos operacionais simplificados;
I.2.1.3.2) capital de giro: linhas de crédito caracterizadas por prazo superior a 30 dias, assinatura de contrato específico e apresentação de garantias, destinando-se a financiar as atividades operacionais das empresas;
I.2.1.3.3) conta garantida: crédito vinculado à conta bancária de pessoas jurídicas, em que determinado limite de recursos é disponibilizado para utilização de acordo com a conveniência do cliente;
I.2.1.3.4) desconto de duplicatas e notas promissórias: adiantamento de recursos relativos à duplicatas em cobrança ou notas promissórias, as quais constituem as próprias garantias da operação;
I.2.1.3.5) vendor: operação de financiamento de vendas baseada no princípio da cessão de crédito, que permite a uma empresa vender seu produto a prazo e receber o pagamento à vista. A empresa vendedora transfere seu crédito ao banco e este, em troca de uma taxa de intermediação, paga o vendedor à vista e financia o comprador;
I.2.1.3.6) aquisição de bens: operações tradicionais de financiamento destinadas a pessoas físicas e jurídicas, nas quais a concessão do crédito está vinculada à aquisição de determinado bem que quase sempre constitui a garantia da operação;
I.2.1.3.7) financiamento imobiliário: operações não vinculadas ao Sistema Financeiro de Habitação e destinadas a financiar aquisição, construção ou reforma de imóveis;
I.2.1.3.8) adiantamento sobre contratos de câmbio (ACC): antecipação de recursos vinculados a contratos de exportação, com a finalidade de financiar a produção das mercadorias a serem exportadas;
I.2.1.3.9) export notes: representam contratos de cessão de crédito de exportação, nos quais o exportador cede ao tomador (empresa ou banco), por meio de um titulo, os direitos creditícios de uma operação a ser realizada no futuro, obtendo dessa forma recursos para financiar a produção das mercadorias a serem exportadas. Diferencia-se das operações de ACC por não apresentar prazo para embarque de mercadoria;
I.2.1.3.10) repasses de recursos externos: transferência, para empresas localizadas no país, de recursos captados no exterior por instituição financeira;
I.2.1.3.11) cheque especial: crédito vinculado à conta bancária de pessoas físicas, no qual determinado limite de recursos é disponibilizado para utilização de acordo com a conveniência do cliente;
I.2.1.3.12) crédito pessoal: operações tradicionais de empréstimo a pessoas físicas, nas quais a concessão do crédito não está vinculada à aquisição específica de um bem ou serviço;
I.2.1.3.13) cartão de crédito: refere-se a saldos não quitados na data do vencimento, parcelas vincendas de compras a prazo e saques efetuados com cartão de crédito em caixas eletrônicos;
I.2.1.3.14) outros: operações registradas nas contas do ativo das instituições financeiras como operações de crédito e que não sejam passíveis de classificação nas demais modalidades, conforme estabelecido pela Circular 2.957/1999.
I.2.2) operações realizadas por cooperativas de crédito: operações de desconto de títulos, empréstimos e financiamentos, destinadas exclusivamente a associados e lastreadas em depósitos à vista e a prazo de associados e, ainda, em empréstimos, repasses e refinanciamentos de outras entidades financeiras, além de doações. Podem ser realizadas pelos seguintes tipos de cooperativas:
- cooperativas rurais: formadas por pessoas que desenvolvam, na área de atuação da cooperativa, de forma efetiva e predominante, atividade agrícola, pecuária ou extrativa, ou se dediquem a operações de captura e transformação do pescado;
- cooperativas de crédito mútuo: formadas por pessoas físicas que tenham como vínculo não apenas aquelas atividades que permitem a criação e funcionamento de cooperativas de crédito rural;
- cooperativas de livre admissão: adotam a livre admissão de associados, sem necessidade de estar vinculadas a segmentos específicos da população, desde que obedecidas condições específicas, destacando-se, entre outras, limitação da área de atuação a municípios com menos de cem mil habitantes no caso da constituição de novas cooperativas, filiação à cooperativa central com tempo mínimo de funcionamento de três anos, bem como capital mínimo comparável ao atualmente estabelecido para as demais cooperativas singulares.
I.2.3)     operações de arrendamento mercantil: operações em que o arrendador (instituição financeira) concede ao arrendatário a utilização de um bem objeto do financiamento, com opção de compra, ao final do contrato, pelo valor residual garantido ou pelo preço de mercado do bem, descontando-se o valor que já foi pago excluída a modalidade de leasing operacional, destacando-se que pode ser bem móvel de produção nacional ou estrangeira ou bem imóvel adquirido pela entidade arrendadora para fins de uso próprio do arrendatário.

II) Direcionamento dos recursos: refere-se à destinação do crédito aos diversos setores da atividade econômica, exceto intermediários financeiros, observada, basicamente, a seguinte segregação:
       II.1) Setor público:
II.1.1) governo - administração direta: refere-se ao crédito contratado pelos governos federal, estaduais e municipais, além de ministérios e secretarias estaduais e municipais;
II.1.2) governo - administração indireta: refere-se ao crédito contratado por autarquias, fundações, institutos e outros órgãos mantidos, principalmente, com recursos orçamentários do governo;
II.1.3) atividades empresariais: refere-se às operações contratadas com unidades econômicas de propriedade de governos, ou sob seu controle, que atuam no sentido de produzir e vender ao público bens e serviços. Devem ser incluídas neste grupo as empresas públicas e as sociedades de economia mista, referentes aos governos federal, estadual e municipal.
       II.2) Setor privado:
II.2.1) rural: compreende as operações realizadas em conformidade com as normas específicas do crédito rural, deferidas a produtores rurais e demais pessoas físicas e jurídicas que satisfaçam as condições para contratação de operações da espécie;
II.2.2) indústria: engloba o crédito direcionado ao financiamento das atividades de extração, beneficiamento e transformação, inclusive de produtos agropecuários, construção de edificações e outras obras contratadas por pessoas jurídicas, serviços industriais de utilidade pública, produção, transmissão e distribuição de energia elétrica, distribuição de gás encanado e água, e serviços de saneamento;
II.2.3) comércio: refere-se às operações contratadas por entidades que operam como intermediários na compra e venda de bens, abrangendo as atividades atacadistas e varejistas;
II.2.4) habitação: abrange as operações realizadas com pessoas físicas ou cooperativas habitacionais com a finalidade de construção, reforma ou aquisição de unidades residenciais. As operações voltadas a empreendimentos imobiliários não residenciais classificam-se em indústria;
II.2.5) pessoas físicas: refere-se às operações de responsabilidade direta de pessoas físicas, exceto as deferidas para construção, reforma ou aquisição de habitações;
II.2.6) outros serviços: refere-se às entidades não classificadas nos itens anteriores e que atuam, entre outras, nas áreas de transporte, serviços postais e de telecomunicações, educação e cultura, assistência médico-hospitalar, conservação e reparação, diversões, jornais, rádio e televisão, publicidade e propaganda, informática, segurança, mão-de-obra, assessoria e consultoria, filantropia etc.
III) Estrutura das operações de crédito por valor e prazo
III.1) faixa de valor: refere-se aos saldos das operações de crédito, considerados os recursos livres e direcionados, segregadas em pessoas físicas e em pessoas jurídicas, distribuídos em três faixas de valor. O conceito de pessoas físicas difere do conceito definido no item II.2.5 por incluir os financiamentos habitacional e rural contratados por indivíduos. A fonte das informações é oriunda do Sistema de Informações de Crédito (SCR).
III.2) estrutura por vencimento: Refere-se aos saldos das parcelas das operações de crédito a vencer, considerados os recursos livres e direcionados, segregadas em pessoas físicas e jurídicas, distribuídos em cinco estruturas de vencimento. O conceito de pessoas físicas difere do conceito definido no item II.2.5 por incluir os financiamentos habitacional e rural contratados por indivíduos. A fonte das informações é oriunda do Sistema de Informações de Crédito (SCR).

IV) Controle de capital das instituições financeiras: distribuição das operações de acordo com os segmentos de instituições financeiras definidos pela Carta-Circular 2.345, de 25.1.1993, conforme a seguir:
IV.1) Sistema financeiro público: operações realizadas por instituições financeiras em que a União e os governos estaduais detêm a maioria do capital votante, de forma direta ou indireta;
IV.2) Sistema financeiro privado nacional: operações realizadas por instituições financeiras em que pessoas físicas e/ou jurídicas domiciliadas e residentes no País detêm a maioria do capital votante;
IV.3) Sistema financeiro estrangeiro: operações realizadas por instituições financeiras que tenham sob controle estrangeiro, direta ou indiretamente, a maioria do capital votante, assim como as instituições constituídas e sediadas no exterior com dependência ou filial no País.

Prazo médio: corresponde à média dos prazos para vencimento do saldo ou parcelas remanescentes das operações em curso. É apurado pela ponderação do valor do saldo ou das parcelas das operações pelo prazo a decorrer, dividindo-se esse resultado pelo somatório dos saldos ou parcelas remanescentes das operações. Esse conceito não se aplica às operações de crédito rotativo (conta garantida e cheque especial), nas quais o prazo médio corresponde à média de utilização dos recursos ao longo do mês.

Taxas de juros de captação: utiliza-se como taxa de referência a taxa de captação média dos certificados ou recibos de depósitos bancários (CDB/RDB) para modalidades cujo prazo médio situa-se em torno de 30 dias, e, para as demais modalidades, de prazo superior a 30 dias, a taxa referencial de contratos realizados no mercado de derivativos que expressa a expectativa para a taxa básica de juros correspondente aos respectivos prazos (contratos de swap DI x pré).

Taxas de juros de aplicação: porcentual cobrado pelas instituições financeiras nas operações de crédito realizadas com seus clientes.

Taxa média das operações pós-fixadas: taxa das operações referenciadas em variação cambial (Adiantamento sobre Contratos de Câmbio e Repasses externos), formada pela média das taxas pactuadas no momento da concessão do crédito, acrescida da variação cambial anualizada apurada entre o dólar médio à vista e a cotação média do contrato futuro de dólar comercial, negociado na Bolsa de Valores, Mercadorias & Futuros (BM&FBovespa), referente ao prazo médio de cada modalidade.

Spread: representa a diferença entre as taxas de juros de aplicação e de captação, compreendendo o lucro e o risco relativos às operações de crédito.


ATIVOS E PASSIVOS INTERNACIONAIS DO SISTEMA BANCÁRIO

O conceito de ativos e passivos internacionais segue metodologia proveniente do padrão de dados divulgados pelo Banco de Compensações Internacionais (BIS).

Segundo essa metodologia, são classificados como ativos e passivos internacionais os saldos ou posições patrimoniais brutas de operações cuja contraparte e/ou moeda sejam estrangeiras, correspondendo, desta forma, às transações com residentes em moeda estrangeira e àquelas efetuadas com não-residentes em qualquer moeda. Nas operações com residentes, são excluídas aquelas contratadas em reais que forem indexadas ou referenciadas em moeda estrangeira.

Essas informações têm como fonte o documento Estatísticas Bancárias Internacionais (EBI), remetido ao Banco Central pelos bancos múltiplos com carteira comercial, bancos comerciais e Caixa Econômica Federal, com a posição do último dia útil de cada trimestre civil. Os dados publicados referem-se a posições brutas, pois não foram consolidadas as transações entre matriz e agências bancárias no exterior.

Ativos internacionais: incluem os saldos patrimoniais brutos de empréstimos, depósitos, títulos e outros ativos (participações acionárias, fundos de investimento, operações com derivativos, entre outros).

Passivos internacionais: abrangem os saldos de depósitos, empréstimos, títulos e outros passivos (empréstimos recebidos das matrizes no exterior, operações com derivativos, entre outros).

Bancos nacionais: classificados em bancos públicos e privados. Os bancos privados são aqueles em que a participação do capital privado nacional no capital votante é igual ou superior a 50%.

Bancos estrangeiros: bancos que operam no país em que a participação externa é superior a 50% do capital votante.

Contraparte: pessoa física ou jurídica que figura em posição financeira oposta à da instituição bancária informante.

Centros offshore: classificação do BIS que inclui países que possuem instituições bancárias com atuação expressiva em operações com não-residentes e/ou operações em moedas estrangeiras.

Fonte: Banco Central do Brasil

Setor externo




NOTA PARA A IMPRENSA - 25.10.2011




I - Balanço de pagamentos - Setembro de 2011


O balanço de pagamentos registrou superávit de US$808 milhões em setembro. As transações correntes apresentaram déficit de US$2,2 bilhões no mês e de US$48 bilhões nos últimos 12 meses, equivalentes a 2,05% do PIB. No mês, a balança comercial foi superavitária em US$3,1 bilhões. A conta financeira registrou ingressos líquidos de US$2,9 bilhões. Destacaram-se os ingressos líquidos de investimentos estrangeiros diretos, US$6,3 bilhões, e de empréstimos de longo prazo, US$2 bilhões, bem como as amortizações líquidas de empréstimos de curto prazo, US$2,4 bilhões.


A conta de serviços registrou déficit de US$3,1 bilhões no mês, diminuição de 5,1% frente ao registrado em igual período de 2010. As despesas líquidas com viagens internacionais totalizaram US$1,3 bilhão, com elevações de 12,4% nos gastos de brasileiros no exterior e de 14,6% nos gastos de estrangeiros no País. As despesas líquidas com transportes, US$753 milhões, apresentaram crescimento de 11,9%, enquanto os gastos líquidos com aluguel de equipamentos, US$1,4 bilhão, aumentaram 2,8%, na mesma base de comparação.


As remessas líquidas de renda para o exterior somaram US$2,4 bilhões, 20,7% acima do resultado de setembro de 2010. As remessas líquidas de renda de investimento direto, incluindo lucros e dividendos, atingiram US$1,7 bilhão, elevação de 23,8%. As remessas líquidas de renda de investimentos em carteira totalizaram US$491 milhões, crescimento de 6,3% em relação ao mesmo mês do ano anterior. Houve elevação de 39,4% nas remessas líquidas de renda de outros investimentos, que totalizaram US$338 milhões. As remessas líquidas de lucros e dividendos atingiram US$2 bilhões no mês, crescimento de 20,5% ante mesmo período de 2010.


As transferências unilaterais correntes acumularam ingressos líquidos de US$225 milhões no mês, aumento de 2,7% em relação a setembro de 2010. Os ingressos para manutenção de residentes somaram US$175 milhões, aumento de 8,6%, e os envios de recursos ao exterior com a mesma finalidade alcançaram US$60 milhões, redução de 19,6%, sempre nas mesmas bases de comparação.


Os investimentos brasileiros diretos no exterior registraram aplicações líquidas de US$10 milhões em setembro. As saídas de recursos destinados a aumento da participação no capital de empresas estrangeiras somaram US$417 milhões, enquanto as amortizações líquidas recebidas de empréstimos intercompanhias atingiram US$407 milhões.


Os investimentos estrangeiros diretos somaram ingressos líquidos de US$6,3 bilhões no mês, ante US$5,6 bilhões em agosto, e acumularam US$50,5 bilhões no ano, até setembro. No mês, os ingressos líquidos para aumento da participação no capital de empresas no País atingiram US$5,4 bilhões, e os desembolsos líquidos de empréstimos intercompanhia somaram US$959 milhões.


Os investimentos estrangeiros em carteira totalizaram saídas líquidas de US$933 milhões em setembro, ante ingressos líquidos de US$77 milhões em agosto. Os investimentos em ações negociadas no País registraram ingressos líquidos de US$419 milhões. Os investimentos em títulos de renda fixa negociados no País apresentaram saídas líquidas de US$425 milhões. As amortizações líquidas de bônus públicos somaram US$93 milhões, incluindo US$15 milhões de ágios pagos em operações de recompra. As amortizações líquidas de notes e commercial papers e de bônus privados somaram US$441 milhões em setembro, ante captações líquidas de US$856 milhões em agosto. Os títulos de curto prazo registraram amortizações líquidas de US$383 milhões.


Os outros investimentos brasileiros no exterior somaram aplicações líquidas de US$5,8 bilhões em setembro, compreendendo a concessão líquida de empréstimos de curto prazo, US$2,2 bilhões, e constituição de ativos no exterior, tanto de bancos, US$3,6 bilhões, como de demais setores, US$573 milhões.


Os outros investimentos estrangeiros no País somaram ingressos líquidos de US$2,7 bilhões em setembro. O crédito comercial de fornecedores totalizou desembolsos líquidos de US$3,3 bilhões. Os empréstimos de longo prazo registraram ingressos líquidos de US$2 bilhões, incluindo de desembolsos líquidos de US$968 milhões de empréstimos diretos e de US$717 milhões referentes a financiamento provido por compradores. Os empréstimos de curto prazo atingiram amortizações líquidas de US$2,4 bilhões em setembro.




II - Reservas internacionais


As reservas internacionais somaram US$349,7 bilhões, em setembro, redução de US$3,7 bilhões em relação ao estoque do mês anterior.


O Banco Central comprou liquidamente US$327 milhões no mercado doméstico de câmbio à vista. A receita de remuneração das reservas totalizou US$366 milhões, enquanto as demais operações externas, relacionadas principalmente a variações de preços e de paridades, reduziram o estoque em US$4,4 bilhões.




III - Dívida externa


A posição estimada da dívida externa total em setembro totalizou US$297,6 bilhões, elevando-se US$6 bilhões em relação ao montante apurado para junho. A dívida de longo prazo atingiu US$250,3 bilhões, aumento de US$13,3 bilhões no período, enquanto a de curto prazo alcançou US$47,3 bilhões, retração de US$7,3 bilhões.


No período comparativo, os principais fatores de variação da dívida externa de longo prazo foram as captações líquidas de empréstimos por bancos, US$7,3 bilhões; empréstimos tomados por outros setores, US$5,4 bilhões; e títulos emitidos por bancos, US$3 bilhões. A variação por paridades reduziu o estoque em US$2,9 bilhões.


A retração da dívida externa de curto prazo decorreu de amortizações líquidas de empréstimos por bancos, US$4,3 bilhões, e pelos outros setores, US$2,4 bilhões.




Fonte: Banco Central do Brasil



quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Tombini indica que Banco Central continuará com redução dos juros básicos


Agência Brasil
A retração da economia internacional e a desaceleração da produção brasileira permitirão ao Banco Central (BC) continuar com cortes graduais dos juros básicos, disse hoje (6) o presidente da instituição, Alexandre Tombini. Ele reiterou que a inflação pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) convergirá para o centro da meta, de 4,5%, em dezembro de 2012.

Durante a solenidade de lançamento do novo sistema de busca de normas na página da instituição na internet, o presidente do BC declarou que a autoridade monetária deverá prosseguir com a redução da taxa Selic. "Olhando para a frente, nas atuais condições, o atual ajuste moderado dos juros é consistente com a convergência da inflação para o centro da meta no final de 2012", destacou.

Para Tombini, a previsão de menor crescimento da economia brasileira neste ano e as medidas de contenção do crédito tomadas pelo Banco Central no fim do ano passado também ajudarão a conter a inflação. Segundo ele, a autoridade monetária está cumprindo o objetivo de reduzir a atividade econômica em 2011. "Já víamos em agosto sinais mais nítidos do processo de moderação. Em 2010, o PIB [Produto Interno Bruto] cresceu 7,5%. Em junho, [a expansão] no acumulado de 12 meses estava em 4,7%. Na revisão do Relatório de Inflação [publicado na semana passada], a projeção caiu para 3,5%", declarou Tombini.

Sobre a alta do dólar nas últimas semanas, o presidente do BC disse que o Brasil está mais preparado para enfrentar mudanças repentinas na conjuntura internacional. Ele assegurou que o BC está pronto para mudar de rumos e agir caso detecte desequilíbrios, como ocorreu com a retomada da venda de dólares no mercado futuro e a interrupção da compra da moeda norte-americana no mercado à vista.

Tombini, no entanto, advertiu que o BC deve intervir caso descubra que investidores estejam aproveitando a subida da moeda norte-americana para especular. "Onde houver problemas localizados e as coisas fugirem do movimento internacional do dólar, asseguramos a entrada em ação em mercados específicos".

Na avaliação do presidente do BC, os R$ 420 bilhões depositados pelas instituições financeiras no BC como compulsório e os cerca de US$ 350 bilhões em reservas internacionais oferecem um colchão de liquidez (dinheiro que pode ser usado no curto prazo) para a economia brasileira. Ele assegurou que a autoridade monetária voltará a comprar dólares para ampliar as reservas assim que as condições de mercado permitirem.

"Não abdicamos da política de acumulação de reservas internacionais. Essa diferenciação do país permitiu ao Brasil transitar de forma tranquila pela crise internacional. Esse colchão de liquidez vai continuar", ressaltou.

Fonte: Jornal do Comércio

Morte de Steve Jobs


Morte de Steve Jobs gera 4,5 milhões de tweets sobre o fundador da Apple



Na noite de quarta-feira (5), quando a Apple anunciou a morte de Steve Jobs, mais de 4,5 milhões de menções ao fundador da companhia americana de computadores e eletrônicos foram publicadas no Twitter nas primeiras 12 horas que sucederam o comunicado. As métricas são da MITI Inteligência, empresa com sede em Curitiba, que trabalha com análise de mercado desde 2001.

Segundo a empresa, as primeiras 12 horas que sucederam o anúncio de seu falecimento - que ocorreu por volta 20 horas -  foram postados mais de 4,5 milhões de tweets com o termo "Steve Jobs”. Foram criadas ainda inúmeras hashtags referentes ao assunto (como #RIPSteveJobs, #thankyousteve e #isad) que resultaram em quase um milhão de mensagens no microblog).

"Após sua morte, Jobs conseguiu causar uma comoção no mundo da tecnologia que ultrapassou os limites do mundo virtual", disse Elizangela Grigoletti, gerente de inteligência e marketing da MITI.  

Os dados do site Topsy são semelhantes e apontam para um número elevado - 1 milhão de Tweets nas últimas 24 horas com o termo "Steve Jobs".

Segundo a MITI, a tag #iSad já passa de 62 mil publicações e as expressões #iThankYou, #iThankYouSteve e #ThankYouSteve somam quase 300 mil postagens no Twitter.

O perfil de Jobs não só combina com as redes sociais como sua visão é compartilhada por muitos dos usuários. Visto como revolucionário, empreendedor e inovador, ele é apontado como gênio na maioria dos tweets.

O CEO do Twitter, Dick Costolo, também fez uma homenagem a Jobs e postou em seu perfil a mensagem: "Raramente aparece alguém que não apenas eleva o nível, mas cria um padrão de medida completamente novo”, escreveu no post que passou de mais de mil tweets rapidamente, em menos de 12 horas.

No Facebook, a repercussão ficou por conta da publicação de Mark Zuckerberg, que chegou ao impressionante número de mais de 343 mail curtidas e foi compartilhado por mais de 24 mil usuários.

“Steve foi o gênio criador e executor das novas necessidades e desejos do homem contemporâneo mas, a questão agora é, como diria o imperador romano: ‘E como ele, que outro haverá?", disse Zuckerberg, fundador da rede social.

"O que mais chama a atenção na repercussão de sua morte é a comoção pública, antes reservada às estrelas de cinema e rockstars", observa Elizangela, que afirma que continuará monitorando os resultados para uma nova amostragem nos próximos dias.  



Fonte: Jornal do Comércio

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Dia 29 de Setembro - Dia Mundial do Petróleo



No dia 29 de setembro comemora-se o dia mundial do petróleo.
A palavra petróleo vem do latim, sendo a junção de dois termos: Petra (pedra) e Oleum (óleo), mas também ficou também conhecido como ouro negro.
O petróleo é um óleo natural composto de hidrocarbonetos, formado dentro das rochas sedimentares. Esse processo é possível em decorrência dos fatos da nossa história, como a formação das rochas sedimentares – através da erosão da crosta terrestre – e pelo acúmulo dos restos orgânicos, advindos de destroços vegetais e animais, alojados no fundo do mar há milhões de anos, que se transformaram em petróleo.
A formação de uma jazida acontece porque o petróleo vaza pelos poros de uma rocha, alojando-se em outra pedra que o faz prisioneiro, acumulando-o em grandes quantidades. Uma jazida pode levar entre dez e quatrocentos milhões de anos para se formar.
O primeiro poço de petróleo foi encontrado nos Estados Unidos, no estado da Pensilvânia, no ano de 1859, por um maquinista aposentado, Edwin Drake. Mas registros históricos mostram que o produto era utilizado para embalsamar os faraós do Egito Antigo.
Em virtude de sua importância para a vida do homem e de seu alto valor de custo, o petróleo tornou-se motivo de grandes conflitos mundiais, como a Guerra do Golfo, em 1990, onde o Kuwait fora invadido pelo Iraque, na tentativa de apoderar-se de suas jazidas.
Na verdade, várias guerras no Oriente Médio tiveram o petróleo como fonte de inspiração, ou seja, a luta entre homens pela conquista de maiores riquezas. Por esse motivo tivemos ainda as guerras Yom Kippur (1973), Iram e Iraque, que durou cerca de oito anos (1980 a 1988), além das invasões estadunidenses no Iraque (2003) e no Afeganistão (2001).
Isso acontece porque a região possui cerca de 65% da reserva mundial de petróleo, seguida pela Venezuela, Rússia, Estados Unidos, Líbia, México, Nigéria, Argélia e restante do mundo.
No Brasil, a maior indústria petrolífera é a Petrobras (Petróleo Brasileiro S.A.), criada no dia 03 de outubro de 1953, pelo presidente Getúlio Vargas. A indústria é responsável pela extração e refino do produto, além dos seus derivados. A especialidade da empresa é a exploração do petróleo em alto mar, em áreas bem profundas.
As plataformas brasileiras montadas em alto mar se dividem em dois grupos: da perfuração e da produção, sendo que essa se divide em fixas ou flutuantes, dependendo da profundidade em que o petróleo é encontrado.
A descoberta de petróleo na camada pré-sal, localizada a 7 mil metros abaixo do nível do mar em uma área de 200 quilômetros de largura e 800 quilômetros de extensão, abrangendo desde o Espírito Santo até Santa Catarina, pode colocar o Brasil entre os maiores produtores mundiais de petróleo.
Por Jussara de Barros

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Inflação



O IPCA variou 0,16% em julho, ante 0,15% em junho, de acordo com os dados divulgados pelo IBGE. No ano, o IPCA registrou variação de 4,04%, ante 3,10% em igual período de 2010, enquanto, no acumulado em doze meses, o indicador variou 6,87% em julho, ante 6,71% em junho. Os preços livres aumentaram 0,11% em julho, ante 0,26% em junho, recuo decorrente de variações de -0,04% nos preços dos bens comercializáveis e de 0,23% nos relativos aos itens não comercializáveis, que haviam registrado variações de 0,19% e de 0,32% em junho, respectivamente. Os preços monitorados aumentaram 0,29% ante redução de 0,12% em junho, ressaltando-se as elevações nos preços dos itens ônibus interestadual, 5,80%, e plano de saúde, 0,58%. A variação mensal do IPCA refletiu, em especial, as contribuições dos grupos transportes, 0,09 p.p.; despesas pessoais; e saúde e cuidados pessoais, ambas de 0,05 p.p. O índice de difusão situou-se em 53,13% em julho, ante 58,85% em junho.
Os preços livres aumentaram 7,38% no período de doze meses encerrado em julho, ante 7,14% em junho, enquanto os monitorados apresentaram variações respectivas de 5,67% e 5,70%. A evolução dos preços livres decorreu de acelerações nos preços dos produtos comercializáveis, de 6,26% para 6,44%, e dos produtos não comercializáveis, de 7,89% para 8,18%. Os preços do segmento de serviços, que apresentam maior grau de persistência, aumentaram 8,82% em julho, ante 8,75% em junho e 6,91% em julho de 2010.
O IGP-DI variou -0,05% em julho, ante -0,13% em junho, de acordo com a FGV, registrando-se variações negativas no IPC e no IPA e aceleração no INCC. O indicador cresceu 2,89% no ano e, considerados períodos de doze meses, registrou variações de 8,34% em julho e de 8,63% em junho.
O IPA variou -0,13% em julho, ante -0,19% em junho, acumulando variações de 2,09% no ano e de 9,09% em doze meses. Os preços dos produtos agropecuários recuaram 0,31% em julho, ante retração de 1,11% em junho, acumulando aumento de 0,20% no ano e de 19,14% em doze meses. Os preços dos produtos industriais decresceram 0,07% no mês, ante elevação de 0,13% em junho, acumulando aumentos de 2,77% no ano e de 5,95% em doze meses. O desempenho mensal dos preços dos produtos agropecuários evidenciou, em especial, os decréscimos nos preços dos itens café, 3,40%; algodão, 5,19%; e batata inglesa, 25,41%, que exerceram contribuições negativas de 0,06 p.p., 0,06 p.p. e 0,05 p.p., respectivamente. As principais contribuições negativas para a variação dos preços dos produtos industriais decorreram dos itens produtos químicos, -0,11 p.p.; e minerais metálicos, -0,08 p.p.
O IPC registrou decréscimo de 0,04% em julho, ante retração de 0,18% em junho, acumulando aumento de 3,75% no ano e 6,58% em doze meses. No mês, ressaltem-se as contribuições negativas associadas aos grupos alimentação, 0,20 p.p., e educação, leitura e recreação, 0,02 p.p. O INCC registrou crescimento de 0,45% no mês, ante 0,37% em junho, resultado de aceleração de 0,36% para 0,59%, nos preços da mão de obra, e de desaceleração de 0,38% para 0,30%, nos preços de materiais, equipamentos e serviços. O INCC acumulou variações de 6,07% no ano e de 7,76% em doze meses.
As cinco medidas de núcleo do IPCA calculadas pelo Banco Central registraram desaceleração mensal em julho. Considerados períodos de doze meses, os indicadores mencionados apresentaram aceleração em relação a junho. O núcleo por exclusão, que exclui dez itens de alimentação no domicílio e combustíveis, aumentou 0,33% no mês, ante 0,56% em junho, acumulando alta de 6,61% no período de doze meses encerrado em julho, ante 6,51% no mês anterior. O núcleo pelo critério de médias aparadas com suavização variou 0,41% em julho, ante 0,54% em junho, acumulando, em doze meses, 6,18% e 6,01%, respectivamente. O núcleo de dupla ponderação aumentou 0,38% em julho, ante 0,42% em junho, registrando variação acumulada em doze meses de 7,01%, ante 6,82% no mês anterior. O núcleo pelo critério de médias aparadas sem suavização cresceu 0,28% em julho, ante 0,44% em junho, acumulando 5,71% em doze meses, ante 5,59% no período de doze meses terminado em junho. O núcleo por exclusão, que exclui alimentação no domicílio e monitorados, aumentou 0,40% em julho, ante 0,50% em junho, elevando-se 7,12% em doze meses, ante 6,91% em junho.
Índices parciais relativos à inflação em agosto registram patamar ainda elevado no âmbito dos preços ao consumidor. O IPCA-15 variou 0,27% em agosto, ante 0,10% em julho, acumulando alta de 4,48% no ano e de 7,10% em doze meses, ante 6,75% até julho. A aceleração desse indicador refletiu, especialmente, aumentos nos grupos despesas pessoais, alimentação e vestuário.
O IPP/IT recuou 0,66% em junho, ante retração de 0,46% em maio, acumulando aumento de 0,55% no ano e de 4,89% no período de doze meses encerrado em junho, ante 5,69% no mês anterior. A variação mensal do IPP/IT refletiu, em especial, as contribuições de -0,27 p.p., -0,16 p.p. e -0,13 p.p., respectivamente, associadas às retrações de preços nos segmentos produtos alimentícios, metalurgia e equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos. A variação do índice no ano refletiu, em grande parte, as contribuições respectivas de -0,85 p.p e -0,34 p.p. exercidas pelos recuos de preços nos segmentos alimentos e produtos de informática, eletrônico e óptico.

Fonte: Banco Central do Brasil

Evolução recente da economia



1. A inflação medida pela variação mensal do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) situou-se em 0,16% em julho, após 0,15% em junho. Assim, a inflação acumulada em doze meses até julho alcançou 6,87% (6,71% em junho), 2,27 pontos percentuais (p.p.) acima da observada em igual período de 2010. O aumento da inflação nesse período reflete tanto o comportamento dos preços livres, que variaram 7,38% (4,88% em doze meses até julho de 2010), quanto o dos preços administrados, que se elevaram em 5,67% (3,95% no mesmo período de 2010). Em relação aos preços livres, cabe destacar que a variação dos preços dos bens comercializáveis alcançou 6,44% (2,58% em igual período de 2010), e a dos não comercializáveis, 8,18% (6,97% em igual período de 2010). Ressalte-se, em outra perspectiva, que a variação acumulada em doze meses até julho dos preços dos bens duráveis ficou em -0,95%, a dos bens semiduráveis em 7,20%, e a dos bens não duráveis, em 8,73%. Apesar da moderação na margem, a inflação dos serviços segue elevada, com variação mensal de 0,42% em julho, ante 0,60% em junho. A inflação de serviços atingiu 8,82% no acumulado de doze meses até julho – maior nível desde setembro de 1997. Em síntese, o conjunto de informações disponíveis sugere persistência da alta de preços observada em 2010, processo liderado pelos preços livres, que, em parte, reflete o fato de a inflação de serviços seguir em níveis elevados.
 
2. As medidas de inflação subjacente calculadas pelo Banco Central, de modo geral, apresentaram evolução similar à da inflação plena: enquanto houve alta na variação acumulada em doze meses, a média das variações mensais recuou entre maio e julho. O núcleo do IPCA por médias aparadas com suavização deslocou-se de 0,64% em maio, para 0,54% em junho e 0,41% em julho, enquanto o núcleo por médias aparadas sem suavização passou de 0,45% em maio, para 0,44% em junho e 0,28% em julho. De modo similar, o núcleo por dupla ponderação, após registrar 0,59% em maio, recuou para 0,42% em junho e para 0,38% em julho. Ao mesmo tempo, o núcleo por exclusão, que exclui 10 itens de alimentação no domicílio e combustíveis, passou de 0,54% em maio para 0,56% em junho, e para 0,33% em julho, enquanto o núcleo por exclusão de monitorados e de alimentos no domicílio passou de 0,43%, para 0,50% e 0,40% no mesmo período. Dessa forma, a média da variação desses cinco núcleos deslocou-se de 0,53% em maio, para 0,49% em junho, recuando para 0,36% em julho. No acumulado em doze meses até julho, as cinco medidas de núcleo alcançaram 6,18%, 5,71%, 7,01%, 6,61% e 7,12%, respectivamente, ante 6,01%, 5,59%, 6,82%, 6,51% e 6,91% em junho, e 5,86%, 5,40%, 6,68%, 6,30% e 6,80% em maio.
 
3. O Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) registrou deflação de 0,05% em julho e de 0,13% em junho, após a inflação de 0,01% em maio. No acumulado em doze meses até julho, a variação desse índice alcançou 8,34%, ante 5,98% em julho de 2010. Note-se, entretanto, que, nesse critério, o índice vem desacelerando desde dezembro de 2010, quando registrou variação de 11,30%. O principal componente do indicador, o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), variou 9,09% em doze meses até julho, refletindo alta de 5,95% no IPA industrial e de 19,14% no IPA agrícola. Na desagregação, segundo o estágio da produção, observou-se variação acumulada de 19,86% nos preços de matérias-primas brutas, de 5,04% nos preços de bens intermediários e de 5,46% nos preços de bens finais, na mesma base de comparação. Já a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPC), outro componente do IGP-DI, registrou alta de 6,58% no acumulado em doze meses até julho, superior aos 4,36% registrados nos doze meses até julho de 2010. Na mesma base de comparação, o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), componente de menor peso no IGP‑DI, variou 7,76% (6,67% em julho de 2010). Já o Índice de Preços ao Produtor/Indústria de Transformação (IPP/IT), calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que mede o nível de preços na indústria excluindo o valor de fretes e impostos, registrou deflação de 0,66% em junho, após baixa de 0,46% em maio e alta de 0,28% em abril. Em doze meses, a variação desse índice recuou para 4,89% em junho, de 5,69% em maio.
 
4. O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) incorpora estimativa para a produção mensal dos três setores da economia, bem como para os impostos sobre produtos e, portanto, constitui importante indicador coincidente da atividade econômica. Considerando os dados ajustados sazonalmente, o IBC-Br apresentou recuo de 0,3% em junho, após registrar estabilidade em maio e avanço de 0,4% em abril. Dessa forma, a taxa de crescimento no segundo trimestre, em relação ao trimestre anterior, foi de 0,7%, depois de variação de 1,1% no primeiro trimestre. Persiste a tendência de moderação da taxa de crescimento do indicador no acumulado em doze meses, que passou de 5,3% em maio para 4,9% em junho. O Índice de Confiança de Serviços (ICS), da Fundação Getulio Vargas (FGV), avançou 0,8% em julho, após duas quedas iguais e consecutivas (-1,4% em maio e em junho). O nível do indicador, em julho, ficou 2,4% acima do valor de julho de 2010 e relativamente estável em relação ao nível médio de 2010.
 
5. A atividade fabril apresentou alta em julho, com avanço de 0,5% na produção industrial, de acordo com a série geral dessazonalizada pelo IBGE, após registrar recuo de 1,2% em junho e avanço de 1,1% em maio. A taxa de crescimento da média móvel trimestral ficou em 0,1% no período de maio a julho, após recuar 0,9% no período de abril a junho. Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, a produção industrial apresentou redução de 0,3% em julho, enquanto no acumulado em doze meses houve expansão de 2,9%, ante 3,7% registrados em junho, continuando em processo de moderação do ritmo de crescimento. Na comparação com dezembro de 2008, mês de menor medição da produção industrial durante a crise de 2008/2009, o crescimento acumulado até julho foi de 25,4%.
 
6. Entre as categorias de uso da indústria, segundo dados dessazonalidados pelo IBGE, houve avanço de 1,7% na produção de bens de capital em julho, de 2,9% na produção de bens de consumo duráveis, enquanto a produção de bens de consumo não duráveis e semiduráveis cresceu 3,8%. Na produção de bens intermediários houve recuo de 0,7%. Já no acumulado em doze meses até julho, a produção de bens intermediários registrou expansão de 2,6%, a produção de bens de consumo duráveis de 1,8%, e a produção de bens não duráveis e semiduráveis avançou 1,6%. Na mesma base de comparação, o crescimento da atividade da indústria de bens de capital é o maior entre as categorias de uso, com expansão de 8,3%.
 
7. A taxa de desemprego nas seis regiões metropolitanas cobertas pela Pesquisa Mensal de Emprego (PME), sem ajuste sazonal, passou de 6,2% em junho para 6,0% em julho (6,9% em julho de 2010). Após registrar 9,0% em março de 2009, a taxa observada não apenas recuou significativamente, como também atingiu o mínimo histórico para julho, na série iniciada em março de 2002. A taxa de desocupação dessazonalizada ficou em 5,9% em julho, o que representou queda de 0,2 p.p. comparativamente à de junho. O emprego, medido pelo número de ocupados nas seis maiores regiões metropolitanas, na comparação com o mesmo mês do ano anterior, apresentou elevação de 2,1% em julho, depois de haver expandido 2,3% em junho. Dados divulgados pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) indicam que houve criação de 140,6 mil postos de trabalho em julho (181,8 mil em julho de 2010), com expansão do número de empregos formais em todos os oito setores de atividade econômica. Os setores que mais contribuíram para o aumento do número de empregos formais, em julho, foram o de serviços e o de comércio. De acordo com a PME, o rendimento médio real habitual observado em julho avançou 2,2% em relação a junho e 4,0% em relação a julho de 2010. Como consequência, a massa salarial real, considerando o rendimento médio real habitual da população ocupada remunerada nas seis regiões metropolitanas, cresceu 6,2% em relação a julho de 2010. A expansão da massa salarial constitui fator importante na sustentação do crescimento da demanda doméstica.
 
8. De acordo com dados da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) divulgada pelo IBGE, o volume de vendas do comércio ampliado cresceu 9,5% em junho, na comparação com o mesmo mês do ano anterior, depois de registrar alta de 12,9% em maio e de 12% em abril, na mesma base de comparação. Na série com ajuste sazonal, a variação mensal do volume de vendas do comércio ampliado foi de 0,5% em junho, após ter atingido altas de 0,9% em maio e de 1,2% em abril. A taxa de crescimento acumulada em doze meses ficou em 10,9% em junho (ante 10,5% em maio e 10,2% em abril). No acumulado em doze meses, todos os dez segmentos pesquisados mostraram expansão no volume de vendas, com destaque, em termos de crescimento, para Equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação (18,7%), Móveis e eletrodomésticos (17,1%), Veículos e motos, partes e peças (14,2%), e Material de construção (14%). Nos próximos meses, a trajetória do comércio continuará a ser influenciada pelas transferências governamentais, pelo ritmo de crescimento da massa salarial real, pela confiança dos consumidores e pela expansão do crédito, em uma perspectiva de moderação.
 
9. O Nível de Utilização da Capacidade Instalada (Nuci) na indústria de transformação, calculado pela FGV, sem ajuste sazonal, manteve-se inalterado em 84,0% em agosto. Assim, a utilização da capacidade ficou 1,0 p.p. e 1,4 p.p., respectivamente, abaixo da observada em julho e agosto de 2010. Com o ajuste sazonal, calculado pela FGV, o valor do Nuci caiu de 84,1% para 83,6% em agosto, menor nível desde novembro de 2009. A utilização de capacidade é maior no setor de materiais de construção (88,6%) e no de bens intermediários (85,8%). Já no setor de bens de capital, o Nuci ficou em 83,8%, enquanto no setor de bens de consumo em 83,4%. Segundo os dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI), dessazonalizados pelo Banco Central, o Nuci recuou de 82,4% em maio para 82,2% em junho. Ainda que continuem em patamares elevados, as taxas de utilização da capacidade instalada têm mostrado tendência de queda na margem, refletindo, em parte, o processo de maturação dos investimentos realizados. De fato, a absorção de bens de capital apresentou crescimento de 14,1% no acumulado em doze meses até julho, enquanto a produção de insumos para a construção civil cresceu 5,6%.
 
10. O saldo da balança comercial acumulado em doze meses aumentou de US$25,3 bilhões em junho para US$27,1 bilhões em julho. Esse resultado adveio de exportações de US$235,6 bilhões e importações de US$208,6 bilhões, ou variações de 34,1% e 31,9%, respectivamente, no acumulado em doze meses até julho. O déficit em transações correntes acumulado em doze meses caiu de US$49 bilhões em junho para US$47,9 bilhões em julho, equivalente a 2,1% do PIB. Por sua vez, os investimentos estrangeiros diretos totalizaram US$72,2 bilhões em doze meses até julho, equivalente a 3,17% do PIB, superando a necessidade de financiamento externo.
 
11. A economia global enfrenta período de elevada incerteza, com deterioração nas perspectivas de curto e de médio prazo dos países avançados e certa moderação da atividade nos países emergentes. Os riscos para a estabilidade financeira global se ampliaram, entre outros, pela possível exposição de bancos internacionais a dívidas soberanas, principalmente na Zona do Euro. As incertezas foram amplificadas, desde a última reunião do Copom, em parte devido à revisão da classificação de risco da dívida soberana dos Estados Unidos. Ressalte-se que os níveis de aversão ao risco – por exemplo, os mensurados pelas volatilidades implícitas e spreads em mercados de ações, títulos e moedas –, já superam os atingidos em meados de 2010. Em outra perspectiva, taxas de desemprego elevadas por longo período, aliadas à necessidade de ajustes fiscais, bem como limitado espaço para ações de política monetária, têm contribuído para revisões nas projeções de crescimento dos países avançados, ou mesmo de seu crescimento potencial, indicando ciclo econômico mais amplo e volátil. De fato, o indicador antecedente composto divulgado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), referente a junho, apontou sinais fortes de inflexão nas principais economias, com perspectivas de menor crescimento nos próximos meses. Os indicadores desagregados do Purchasing Managers Index (PMI) de julho e agosto, referentes à atividade na indústria e no setor de serviços, são consistentes com esse cenário, pois sugerem estagnação nos Estados Unidos (EUA), China, França e Alemanha, e contração no restante da Zona do Euro. No que se refere à política monetária, as economias maduras continuaram com posturas acomodatícias. Sobre inflação, os núcleos persistem em níveis moderados no G3 (EUA, Zona do Euro e Japão), com Zona do Euro apresentando aumento dos núcleos em julho, relativamente ao mesmo período do ano anterior, e redução em relação a junho de 2011. Apesar de pressões inflacionárias ainda disseminadas nos países emergentes, houve descontinuidade dos ciclos de aperto monetário.
 
12. O preço do barril de petróleo do tipo Brent mostrou-se volátil e encontra-se acima de US$115. Esse nível de preços é consistente com um quadro de estabilidade na demanda global, aliado à elevada instabilidade política em países produtores e defasagens no processo de retomada da produção. Cabe ressaltar que a complexidade geopolítica que envolve o setor do petróleo tende a acentuar o comportamento volátil dos preços, que é reflexo, também, da baixa previsibilidade de alguns componentes da demanda global e do fato de o crescimento da oferta depender de projetos de investimentos de longa maturação e de elevado risco. Em relação às demais commodities, destaca-se a elevação dos preços internacionais das agrícolas e redução das metálicas, após sucessivos meses com elevações relevantes, a despeito das fortes correções nos preços de ativos de risco. O Índice de Preços de Alimentos, calculado pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), que compreende 55 itens, vem apresentando certa estabilidade nos últimos meses, mas continua em patamares elevados. No passado recente, a alta volatilidade dos preços das commodities foi fortemente influenciada pela ampla liquidez global, em contexto no qual os mercados financeiros se ajustam às novas expectativas de crescimento e à volatilidade nos mercados de câmbio.
 
Avaliação prospectiva das tendências da inflação
 
13. Os choques identificados, e seus impactos, foram reavaliados de acordo com o novo conjunto de informações disponível. O cenário considerado nas simulações contempla as seguintes hipóteses:
a) a projeção de reajuste no preço da gasolina para o acumulado de 2011 permaneceu em 4,0%, considerados na reunião do Copom de julho, contemplando, portanto, reversão parcial da elevação de 6,3% ocorrida até julho; e a projeção para o reajuste no preço do gás de bujão, para o acumulado de 2011, foi mantida em 0%;
b) as projeções de reajuste das tarifas de telefonia fixa e eletricidade, para o acumulado em 2011, mantiveram-se em 0,9% e 4,1%, respectivamente, valores considerados na reunião de julho;
c) a projeção de reajuste, construída item a item, para o conjunto de preços administrados por contrato e monitorados para o acumulado de 2011, segundo o cenário de referência, elevou-se para 5,0%, ante os 4,9% considerados na reunião de julho. Esse conjunto de preços, de acordo com os dados publicados pelo IBGE, correspondeu a 29,00% do total do IPCA de julho;
d) a projeção de reajustes para o conjunto de preços administrados por contrato e monitorados para o acumulado de 2012, conforme o cenário de referência, manteve-se em 4,4%, valor considerado na reunião do Copom de julho. Essa projeção se baseia em modelos de determinação endógena de preços administrados, que consideram, entre outros, componentes sazonais, variações cambiais, inflação de preços livres e inflação medida pelo Índice Geral de Preços (IGP); e
e) a trajetória estimada para a taxa do swap pré-DI de 360 dias indica spread sobre a taxa Selic, no cenário de referência, de 19 pontos base (p.b.) e de -39 p.b. para o quarto trimestre de 2011 e de 2012, respectivamente.
 
14. Em relação à política fiscal, considera-se o cumprimento da nova meta de superávit primário, cerca de 3,15% do PIB, sem ajustes, em 2011. Além disso, admite-se, como hipótese de trabalho, superávit primário em torno de 3,10% do PIB em 2012 e 2013, sem ajustes.
 
15. No conjunto das projeções, foram incorporados os efeitos estimados das alterações dos recolhimentos compulsórios anunciadas em dezembro de 2010.
 
16. Desde a última reunião do Copom, a mediana das projeções coletadas pelo Departamento de Relacionamento com Investidores e Estudos Especiais (Gerin) para a variação do IPCA em 2011 manteve-se em 6,31%. Para 2012, a mediana das projeções de inflação se manteve em 5,20%. Nos casos específicos de bancos, gestoras de recursos e demais instituições (empresas do setor real, distribuidoras, corretoras, consultorias e outras), a mediana das projeções para 2011 se deslocou de 6,28%, 6,38% e 6,31% para 6,30%, 6,32% e 6,30%, respectivamente. Para 2012, a mediana das projeções se deslocou de 5,01%, 5,40% e 5,05% para 5,06%, 5,31% e 5,10%, na mesma ordem.
 
17. O cenário de referência leva em conta as hipóteses de manutenção da taxa de câmbio em 1,60 R$/US$ e da taxa Selic em 12,50% ao ano (a.a.) em todo o horizonte relevante. Nesse cenário, a projeção para a inflação de 2011 se elevou em relação ao valor considerado na reunião do Copom de julho e se encontra acima do valor central de 4,5% para a meta fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). No cenário de mercado, que leva em conta as trajetórias de câmbio e de juros coletadas pelo Gerin, junto a analistas de mercado, no período imediatamente anterior à reunião do Copom, a projeção de inflação para 2011 também se elevou e se encontra acima do valor central da meta para a inflação. Para 2012, as projeções de inflação no cenário de referência e no de mercado recuaram, posicionando-se ao redor do valor central da meta nos dois casos. No que se refere ao primeiro semestre de 2013, a projeção de inflação recuou no cenário de referência e permaneceu estável no cenário de mercado, nos dois casos posicionando-se ao redor do valor central da meta.
 
18. Um cenário alternativo, construído e analisado sob a perspectiva de um modelo de equilíbrio geral dinâmico estocástico de médio porte, admite que a atual deterioração do cenário internacional cause um impacto sobre a economia brasileira equivalente a um quarto do impacto observado durante a crise internacional de 2008/2009. Além disso, supõe que a atual deterioração do cenário internacional seja mais persistente do que a verificada em 2008/2009, porém, menos aguda, sem observância de eventos extremos. Nesse cenário alternativo, a atividade econômica doméstica desacelera e, apesar de ocorrer depreciação da taxa de câmbio e de haver redução da taxa básica de juros, entre outros, a taxa de inflação se posiciona em patamar inferior ao que seria observado caso não fosse considerado o supracitado efeito da crise internacional.
 
Implementação da política monetária
 
19. O Copom avalia que a política monetária deve contribuir para a consolidação de um ambiente macroeconômico favorável em horizontes mais longos. Nesse sentido, reitera que, no regime de metas para a inflação, orienta suas decisões de acordo com os valores projetados para a inflação pelo Banco Central e com base na análise de cenários alternativos para a evolução das principais variáveis que determinam a dinâmica dos preços. O Comitê entende, também, que riscos baixos para a inflação subjacente no curto prazo tendem a reduzir incertezas em relação ao comportamento futuro da inflação plena, facilitam a avaliação de cenários por parte da autoridade monetária, assim como auxiliam no processo de coordenação de expectativas dos agentes econômicos, em particular, dos formadores de preços. Note-se, adicionalmente, que riscos baixos para a inflação subjacente no curto prazo tendem a potencializar os efeitos das ações de política monetária, fazendo com que elas possam afetar de forma mais duradoura a dinâmica da inflação plena no futuro. Embora reconheça que outras ações de política macroeconômica podem influenciar a trajetória dos preços, o Copom reafirma sua visão de que cabe especificamente à política monetária manter-se especialmente vigilante para garantir que pressões detectadas em horizontes mais curtos não se propaguem para horizontes mais longos.
 
20. A evidência internacional, no que é ratificada pela experiência brasileira, indica que taxas de inflação elevadas levam ao aumento dos prêmios de risco, tanto para o financiamento privado quanto para o público, e ao encurtamento dos horizontes de planejamento, tanto das famílias quanto das empresas. Consequentemente, taxas de inflação elevadas reduzem os investimentos e o potencial de crescimento da economia, além de terem efeitos regressivos sobre a distribuição de renda. De outra forma, taxas de inflação elevadas não trazem qualquer resultado duradouro em termos de crescimento da economia e do emprego, mas, em contrapartida, trazem prejuízos permanentes para essas variáveis no médio e no longo prazos. Assim, a estratégia adotada pelo Copom visa assegurar a convergência da inflação para a trajetória de metas, o que exige a pronta correção de eventuais desvios em relação a essa trajetória. Tal estratégia leva em conta as defasagens do mecanismo de transmissão e é a mais indicada para lidar com a incerteza inerente ao processo de formulação e de implementação da política monetária.
 
21. Como consequência da estabilização e da correção de desequilíbrios, as quais determinaram mudanças estruturais importantes, o processo de amadurecimento do regime de metas se encontra em estágio avançado, e isso se reflete favoravelmente na dinâmica da taxa de juros neutra e na potência da política monetária. Evidências a esse respeito são oferecidas, entre outros, pelo cumprimento das metas para a inflação nos últimos sete anos, ao mesmo tempo em que as taxas reais de juros recuaram. Progressos na estrutura dos mercados financeiros, redução do prêmio de risco cambial e do inflacionário, entre outros, parecem ter determinado redução significativa da taxa neutra. Também contribuiu para isso a geração de superávits primários consistentes com a manutenção de tendência decrescente para a relação entre dívida pública e PIB. Em outra perspectiva, alguns desses desenvolvimentos, combinados a outros, como o alargamento de prazo dos contratos, também sugerem que o poder da política monetária no Brasil vem aumentando ao longo dos últimos anos, não obstante a substancial incerteza que envolve o dimensionamento de variáveis não observáveis. O Comitê também pondera que há evidências de que a tração da política monetária aumentou no passado recente e, comparativamente ao que se observava há alguns anos, atualmente pressões inflacionárias são contidas com mais eficiência por meio de ações de política monetária.
 
22. Reavaliando o cenário internacional, o Copom considera que houve substancial deterioração desde sua última reunião, consubstanciada, por exemplo, em reduções generalizadas e de grande magnitude nas projeções de crescimento para os principais blocos econômicos. O Comitê entende que aumentaram as chances de que restrições às quais hoje estão expostas diversas economias maduras se prolonguem por um período de tempo maior do que o antecipado. Nota ainda que, nessas economias, parece limitado o espaço para utilização de política monetária e prevalece um cenário de restrição fiscal. Dessa forma, o Comitê avalia que o cenário internacional manifesta viés desinflacionário no horizonte relevante.
 
23. Para o Copom, a transmissão dos desenvolvimentos externos para a economia brasileira pode se materializar por intermédio de diversos canais, entre outros, redução da corrente de comércio, moderação do fluxo de investimentos, condições de crédito mais restritivas e piora no sentimento de consumidores e empresários. O Comitê entende que a complexidade que cerca o ambiente internacional contribuirá para intensificar e acelerar o processo em curso de moderação da atividade doméstica, que já se manifesta, por exemplo, no recuo das projeções para o crescimento da economia brasileira. Dito de outra forma, o processo de moderação em que se encontra a economia – uma decorrência das ações de política implementadas desde o final do ano passado – tende a ser potencializado pela fragilidade da economia global. Dessa forma, o balanço de riscos para a inflação se torna mais favorável.
 
24. O Copom pondera que, embora esteja em curso moderação da expansão da demanda doméstica, ainda são favoráveis as perspectivas para a atividade econômica. Essa avaliação encontra suporte em sinais que, apesar de indicarem arrefecimento, apontam que a expansão da oferta de crédito tende a persistir tanto para pessoas físicas quanto para pessoas jurídicas; e no fato de a confiança de consumidores, a despeito de acomodação na margem, encontrar-se em níveis elevados. O Comitê entende, adicionalmente, que a atividade doméstica continuará a ser favorecida pelo vigor do mercado de trabalho, que se reflete em taxas de desemprego historicamente baixas e em crescimento dos salários.
 
25. O Copom entende que o cenário prospectivo para a inflação, desde sua última reunião, acumulou sinais favoráveis. No último trimestre de 2010 e no primeiro deste ano, a inflação foi forte e negativamente influenciada por choques de oferta domésticos e externos, mas as evidências sugerem que os preços ao consumidor já incorporaram os efeitos diretos desses choques. Também foram relevantes os efeitos diretos da concentração atípica de reajustes de preços administrados ocorrida no primeiro trimestre deste ano, que, em casos específicos, mostra sinais de reversão. O Comitê pondera que esses efeitos ainda deverão impactar indiretamente a dinâmica dos preços ao consumidor, entre outros mecanismos, via inércia. O Comitê avalia como relevantes, embora decrescentes, os riscos derivados da persistência do descompasso entre as taxas de crescimento da oferta e da demanda. Destaca a estreita margem de ociosidade no mercado de trabalho, e pondera que, em tais circunstâncias, um risco muito importante reside na possibilidade de concessão de aumentos de salários incompatíveis com o crescimento da produtividade e suas repercussões negativas sobre a dinâmica da inflação. Por outro lado, observa que o nível de utilização da capacidade instalada tem recuado e se encontra abaixo da tendência de longo prazo, ou seja, está contribuindo para a abertura do hiato do produto e para conter pressões de preços. No final do ano passado e início deste ano, os riscos associados à trajetória dos preços das commodities nos mercados internacionais foram chave para o cenário prospectivo, entretanto, desde abril esses preços mostram certa acomodação.
 
26. O Copom prevê que neste trimestre se encerra o ciclo de elevação da inflação acumulada em doze meses. A partir do quarto trimestre, o cenário central indica tendência declinante para a inflação acumulada em doze meses, ou seja, a mesma passa a se deslocar na direção da trajetória de metas.
 
27. O Copom reafirma que o cenário central para a inflação leva em conta a materialização das trajetórias com as quais trabalha para as variáveis fiscais. Importa destacar que a geração de superávits primários compatíveis com as hipóteses de trabalho contempladas nas projeções de inflação, além de contribuir para arrefecer o descompasso entre as taxas de crescimento da demanda e da oferta, solidificará a tendência de redução da razão dívida pública sobre produto. A propósito, cabe enfatizar que, desde o início deste ano, importantes decisões foram tomadas e executadas, e reforçam a visão de que está em curso um processo de consolidação fiscal. A esse respeito, na avaliação do Comitê, a recente revisão do cenário para a política fiscal torna o balanço de riscos para a inflação mais favorável.
 
28. O Copom destaca que o cenário central também contempla moderação na expansão no mercado de crédito, para a qual contribuem ações macroprudenciais e ações convencionais de política monetária recentemente adotadas. Ainda sobre esse mercado, o Comitê considera oportuna a introdução de iniciativas no sentido de moderar concessões de subsídios por intermédio de operações de crédito.
 
29. Em suma, o Copom reconhece um ambiente econômico em que prevalece nível de incerteza crescente e que já se posiciona muito acima do usual, e identifica riscos decrescentes à concretização de um cenário em que a inflação convirja tempestivamente para o valor central da meta. Dito de outra forma, o Comitê pondera que o cenário prospectivo para a inflação, desde sua última reunião, acumulou sinais favoráveis.
 
30. O Copom, de forma unânime, reconhece que o ambiente macroeconômico se alterou substancialmente desde sua última reunião, de modo a justificar uma reavaliação, e, eventualmente, reversão, do recente processo de elevação da taxa básica. Entretanto, dois membros do Comitê avaliam que o momento atual ainda não oferece todas as condições necessárias a que esse movimento tenha início imediatamente.
 
31. Nesse contexto, o Copom decidiu reduzir a taxa Selic para 12,00% a.a., sem viés, por cinco votos a favor e dois votos pela manutenção da taxa Selic em 12,50% a.a.
 
32. A demanda doméstica ainda se apresenta robusta, em grande parte devido aos efeitos de fatores de estímulo, como o crescimento da renda e a expansão do crédito. Entretanto, iniciativas recentes reforçam um cenário de contenção das despesas do setor público. Também se apresentam como importantes fatores de contenção, a substancial deterioração do cenário internacional e ações macroprudenciais implementadas. Esses elementos e os desenvolvimentos no âmbito parafiscal são parte importante do contexto no qual decisões futuras de política monetária serão tomadas, com vistas a assegurar a convergência tempestiva da inflação para a trajetória de metas.
 
33. O Copom entende que, ao tempestivamente mitigar os efeitos vindos de um ambiente global mais restritivo, ajustes moderados no nível da taxa básica são consistentes com o cenário de convergência da inflação para a meta em 2012.
 
34. Ao final da reunião, foi registrado que o Comitê voltará a se reunir em 18 de outubro de 2011, para as apresentações técnicas, e no dia seguinte, para deliberar sobre a política monetária, conforme estabelecido pelo Comunicado nº 20.223, de 15 de outubro de 2010.

Fonte: Banco Central do  Brasil