quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Política Monetária e Operações de Crédito do Sistema Financeiro



I - Evolução dos agregados monetários
A média dos saldos diários da base monetária alcançou R$179,7 bilhões em agosto, recuando 0,1% no mês e registrando elevação de 6,6% em doze meses. A variação mensal resultou do crescimento de 0,6% no saldo médio do papel-moeda emitido e da redução de 2,5% nas reservas bancárias.

Os fluxos mensais dos fatores de emissão monetária foram contracionistas em R$20,2 bilhões nas operações do Tesouro Nacional e em R$4,6 bilhões nos recolhimentos compulsórios incluídos nos depósitos de instituições financeiras. Tais impactos foram parcialmente neutralizados pelas compras líquidas de divisas pelo Banco Central no mercado interbancário de câmbio, que atingiram R$7,9 bilhões, e pelas operações com títulos públicos federais, expansionistas em R$13,9 bilhões, as quais refletiram compras líquidas de R$26,8 bilhões no mercado secundário e colocações líquidas de R$12,9 bilhões de títulos no mercado primário.

O saldo médio diário dos meios de pagamento restritos (M1) atingiu R$250,5 bilhões em agosto, ao registrar declínio de 1,2% no mês e elevação de 4,2% em doze meses. Nas mesmas bases de comparação, o saldo médio do papel-moeda em poder do público avançou 0,4% e 8,8%, enquanto os depósitos à vista assinalaram variações respectivas de -2,4% e de 0,8%.

Os meios de pagamento no conceito M2, que corresponde ao M1 acrescido de depósitos para investimentos, depósitos de poupança e títulos privados, cresceram 1,4% em agosto, totalizando R$1,5 trilhão. Esse resultado refletiu, sobretudo, o avanço de 2,8% no saldo dos títulos privados, que atingiu R$846,6 bilhões, após captações líquidas de R$10,6 bilhões em depósitos a prazo. O saldo dos depósitos de poupança, R$400,6 bilhões, aumentou 0,7%, favorecido por captações líquidas de R$2,2 bilhões no período.

O M3, que compreende o M2, as quotas de fundos de renda fixa e os títulos públicos que lastreiam as operações compromissadas entre o público e o setor financeiro, expandiu-se 1,8% no mês, totalizando R$2,8 trilhões, reflexo do crescimento registrado no M2, bem como do aumento de 2,2% no saldo das quotas de fundos de renda fixa, que alcançaram R$1,3 trilhão. O M4, conceito que compreende o M3 e os títulos públicos de detentores não financeiros, apresentou elevação de 1,7% no mês e de 17,6% nos últimos doze meses, somando R$3,3 trilhões.


II - Operações de crédito do sistema financeiro
A expansão do crédito bancário registrou aceleração em agosto, mantendo, porém, a trajetória de moderação observada ao longo do ano, condizente com a política monetária adotada e com o relativo arrefecimento da demanda doméstica. A evolução permaneceu sustentada principalmente pelo crescimento das carteiras com recursos direcionados, impulsionadas pelo vigor do crédito habitacional e elevações nos financiamentos rurais e do BNDES. No segmento de recursos livres, o crescimento dos empréstimos a pessoas físicas esteve associado ao crédito pessoal e aos financiamentos para aquisição de veículos, ao passo que nas carteiras de pessoas jurídicas, as contratações mais expressivas referiram-se às operações de capital de giro e adiantamentos sobre contratos de câmbio (ACC).

Nesse cenário, o volume das operações de crédito do sistema financeiro, contemplados recursos livres e direcionados, totalizou R$1.889 bilhões em agosto, com elevações de 1,7% no mês, 10,7% no ano e 19,4% em doze meses, correspondendo a 47,8% do PIB, ante 47,3% em julho e 45% em agosto de 2010. O saldo das operações realizadas pelos bancos públicos representou 42,2% do total do sistema financeiro, o relativo aos bancos privados nacionais, 40,6% e o das instituições com controle estrangeiro, 17,2%.

O crédito direcionado atingiu R$662,3 bilhões em agosto, após incrementos de 2,4% no mês, 12,3% no ano e 22,2% em doze meses. Os financiamentos concedidos pelo BNDES corresponderam a R$385 bilhões, com evoluções respectivas de 1,8%, 7,6% e 14,9% nos mesmos períodos. Dentre as operações financiadas pelo BNDES, os empréstimos contratados diretamente totalizaram R$187,9 bilhões, com aumento mensal de 2,1%, enquanto os repasses somaram R$197,1 bilhões, assinalando elevação de 1,6%. O crédito direcionado à habitação, envolvendo recursos da poupança e do FGTS, manteve-se em aceleração, expandindo-se 3,6% no mês, 28,4% no ano e 47,1% em doze meses. As operações de crédito para o setor rural cresceram 2,6% no mês, alcançando R$93,7 bilhões.

As operações de crédito com recursos livres, que respondem por 64,9% da carteira total do sistema financeiro, atingiram R$1.227 bilhões, avançando 1,4% no mês, 9,9% no ano e 17,9% em relação a agosto de 2010. O saldo dos empréstimos contratados com pessoas jurídicas cresceu 1,4% no mês, totalizando R$611,1 bilhões, em decorrência da expansão de 1,2% nas operações com recursos internos e de 3,6% nas modalidades referenciadas em moeda estrangeira. Os financiamentos a pessoas físicas somaram R$615,5 bilhões, ao elevarem-se 1,3% no mês.


II.1 - Distribuição setorial do crédito
O crédito ao setor privado, computados recursos livres e direcionados, situou-se em R$1.819 bilhões em agosto, variação de 1,7% no mês. O volume destinado à indústria alcançou R$391,7 bilhões, com aumento de 1,2% no período comparativo, favorecido por empréstimos aos ramos de energia, extração mineral, mecânica e agronegócios. As operações destinadas ao segmento outros serviços, impulsionadas pela demanda por capital de giro de grandes empresas dos setores de energia, transportes e serviços automotivos, avançaram 2,2% no mês, atingindo R$322,4 bilhões. Os financiamentos para o segmento comercial alcançaram R$192,2 bilhões, assinalando elevação de 1,3% no mês, ressaltando-se operações voltadas ao comércio de agronegócios, utensílios eletroeletrônicos, móveis e produtos químicos.

O crédito habitacional, consideradas as operações para aquisição e construção de moradias com recursos livres e direcionados, atingiu R$180,2 bilhões em agosto, expansões de 3,7% no mês, 29,9% no ano e 49,3% em doze meses. O crédito rural, condicionado pela demanda de recursos para o custeio agrícola da safra 2011/2012, somou R$131,8 bilhões, crescimento de 2,2% no mês.

O crédito bancário ao setor público, que representa 3,7% do volume total de crédito do sistema financeiro, situou-se em R$70 bilhões, após expansão de 1,4% em agosto, ao refletir o acréscimo de 2% nas operações contratadas com o governo federal, saldo de R$34,5 bilhões, e o incremento de 0,7% referente às esferas estaduais e municipais, cujo volume totalizou R$35,5 bilhões.


II.2 - Operações com recursos livres - Crédito referencial para taxas de juros
O saldo das operações destinadas a pessoas físicas apresentou aceleração, elevando-se 1,8% no mês, ressaltando-se as expansões de 1,9% nos financiamentos de veículos e de 1,6% no crédito pessoal. No segmento de pessoas jurídicas, o crescimento mensal de 1,5% foi determinado pelos empréstimos de capital de giro, cuja expansão de 1,9% foi impulsionada pela demanda de empresas de maior porte. Nas modalidades com recursos externos, as operações de ACC mantiveram o ritmo de crescimento, assinalando elevação de 3,4%.

A taxa média de juros das modalidades que compõem o crédito referencial permaneceu estável em 39,7% a.a. em agosto, acumulando elevação de 4,5 p.p. em doze meses. Essa estabilidade decorreu da redução de 0,5 p.p. no custo médio das operações destinadas a pessoas jurídicas e do acréscimo de 0,5 p.p. no relativo a pessoas físicas.

A inadimplência do crédito referencial, que corresponde à participação relativa das operações com atrasos superiores a noventa dias, alcançou 5,3%, com incremento de 0,1 p.p. no mês, refletindo aumentos de 0,1 p.p. tanto no segmento empresarial, quanto no das famílias, cujas taxas situaram-se em 3,9% e 6,7%, respectivamente. O percentual de atrasos de 15 a 90 dias recuou 0,2 p.p. nos créditos a pessoas físicas e manteve-se estável nos empréstimos a pessoas jurídicas, atingindo 6,2% e 2,2%, respectivamente.


III - Ativos e passivos internacionais do sistema bancário
Os ativos internacionais do sistema bancário totalizaram R$190,3 bilhões em junho, evidenciando, no trimestre, retração de 3,4%, em reais, e expansão de 0,8%, em dólares. No mesmo período, o grau de internacionalização do sistema recuou de 4,9% para 4,6%. Entre os ativos internacionais, a participação correspondente aos bancos nacionais aumentou de 59,4% para 62,3%, enquanto a dos bancos estrangeiros declinou de 40,6% para 37,7%. A parcela referente aos bancos privados nacionais atingiu 48,9% do total de ativos internacionais em junho, ante 40,4% em março. Em sentido oposto, a participação dos bancos públicos recuou de 19% em março para 13,4% em junho. Observou-se, no período, a continuidade da expansão das operações com residentes, cuja participação passou de 32,7% para 33,4%. No tocante às posições com não residentes, destaque-se a retração da parcela correspondente aos Estados Unidos, que diminuiu de 12,5% em março para 10,5% em junho.

Os passivos internacionais apresentaram expansão trimestral de 0,3% em reais e de 4,6% em dólares, ao atingirem R$269,7 bilhões em junho. A participação desses recursos no total de passivos exigíveis do sistema bancário reduziu-se de 7,3% em março para 7,2% em junho. A exemplo do ocorrido com os ativos, a representatividade dos bancos estrangeiros registrou retração, passando a responder por 38,4% dos passivos internacionais, comparativamente a 40,6% em março. Com relação às contrapartes, as operações com os Estados Unidos cresceram de 23,9% para 27% do total de passivos internacionais, enquanto as operações com residentes recuaram de 25,7% para 21,4%.

Os ativos internacionais consolidados do sistema bancário, que incluem somente posições com não residentes, atingiram saldo de R$121 bilhões em junho, segundo o conceito de risco inicial, registrando aumentos trimestrais de 1,4% em reais e de 5,8% em dólares. No conceito de risco final, que incorpora ao ativo inicial o resultado das transferências de risco entre países, o saldo alcançou R$115,9 bilhões.

Fonte: Banco Central do Brasil

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